Conheça o F637

O carro produzido pela Ferrari para correr em Indianápolis


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A mais tradicional equipe da Fórmula um esteve próxima de correr na América? Eu penso e acredito que não. Na minha opinião nada passou de mais uma ameaça que a Federação Internacional de Automobilismo sofreu, não foi a primeira, e nem a última. Vamos então viajar na máquina do tempo e voltar duas décadas.
No final da temporada 1985, a equipe de Maranello foi vice campeã de construtores e de pilotos com Michele Allboreto e a pressão por fazer seis anos sem títulos na Formula 1 começava bater na porta.
As constantes mudanças de regulamentos na F1 não é uma exclusividade de nossos dias atuais, já vem de longa data a tentativa de melhorar o espetáculo. Jean-Marie Balestre (falecido em 27 de março de 2008) presidia e comandava a FISA, Federação Internacional de Esportes Automobilísticos, que era um braço da FIA. O dirigente francês queria adotar motores V8 de 3,5 litros para todas as equipes da F1. Por outro lado, Enzo Ferrari (falecido em 14 de agosto de 1988), o fundador da marca italiana, gostaria de prosseguir com os antigos e tradicionais propulsores V12. em 1986 a Ferrari e as grandes equipes da F1 utilizaram um motor turbo V6.
De frente com a imposição de Balestre, a equipe italiana criaria sim um motor turbinado V8, mas não para o certame que a equipe disputava todos os anos, e sim para a Fórmula Indy.

O F637 embora inspirado nos March 85-C tinha linhas diferentes.

O clima era cada vez mais tenso nos bastidores, e Gustav Brunner projetista da equipe Ferrari na época inicia a construção do projeto Ferrari 637 que disputaria o campeonato da Indy e as 500 milhas de Indianápolis de 1987. O piloto ferrarista para a Indy 500 seria o italiano Andrea De Cesaris.
No inicio da temporada 1986, Jim Trueman, então dono da equipe Truesports da Fórmula Indy e que seria campeã de 1986 daquele campeonato, foi até a Itália para ajudar nos preparativos do F637, já que a equipe de Jim era parceira da Goodyear, assim como a Ferrari era parceira da fabricante de pneus também. Trueman levou um chassi March para Maranello onde Bobby Rahal e Michelle Allboreto deram algumas voltas no circuito italiano. A equipe italiana ficou com o chassi March 85-C e o motor Ford turbinado para fazer seus estudos e desenvolver o carro para o campeonato na América.

No museu existe toda a explicação da parte técnica do carro.

Em Fiorano realizaram testes com o carro Ferrari da Indy. No túnel de vento Michelle Allboreto dizia que estavam no caminho certo. A CART e a Ferrari pretendiam estrear o F637 na última etapa de 1986 em Laguna Seca no mês de outubro. Seteve Horne na época team manager da equipe Truesports acreditava no projeto e dizia que não era apenas uma golpe da Ferraria para atear fogo em sua rivalidade com a FISA devido a quantidade de investimentos que foram feitas para construir este carro.
A Scuderia Ferrari apresentava seu carro para disputar a Fórmula Indy na temporada seguinte e todos da imprensa ficaram imaginando a equipe cruzar o atlântico e disputar o campeonato da CART, mas isso jamais aconteceu. Em meados do ano de 1986, Jim Trueman viria a falecer.

A parte traseira da F63 em detalhes.

Em 1987, no Salão do Automóvel de Gênova, na Itália, o público podia ver o novo carro da Fórmula Indy. O F637 tinha um motor V8 turbinado de 32 válvulas (4 por cilíndro).
Durante o ano vários encontros entre Bernie Ecclestone, Enzo Ferrari e Jean Balestre ocorreram e no final das contas a Ferrari correu na F1 com os V6 em 1988 e no ano seguinte voltaria com os V12. O resultado final de tudo isso, é que a Ferrari conseguiu o que queria não fabricando motores V8 turbo na Fórmula um, e manter os V12 aspirados.
De toda esta discussão ainda saiu um sucessor: o motor Alfa Romeo que equipou por algumas vezes carros na Fórmula Indy, que nada mais eram, que os motores turbos do F637 utilizados três anos depois com outro nome.


No museu italiano próximo ao cockpit do carro leva uma bandeira da itália e uma dos EUA pintadas no bólido.

E você acredita e imaginaria a Ferrari disputando a Indy no final da década de 80? Deixe seu comentário sobre este fato histórico que seria para a CART.

Sete anos depois do ano em que deveria ir para Indianapolis, a F637 foi ao maior autodromo do mundo, porém apenas para mostrá-la ao público, e depois foi para o museu de Indianapolis.

4 comentários:

Anônimo disse...

Lembro que em 1986 todas as equipes da Fórmula 1 correram com motor turbo e a Ferrari utilizava o seu V6 turbo desde a temporada de 1981.

Quando os motores turbos começaram a vencer na Fórmula 1, a partir de 1979, eles foram vistos como uma grande ameaça a Fórmula 1, tanto que em 1980 a revista Placar publicou um artigo de Lemyr Martins sobre a antiga equipe Renault de Fórmula 1 e o seu motor turbo intitulada "A Fórmula 1 Ameaçada". Até aquela época, a Fórmula 1 era o reinado dos motores Ford Cosworth V8 aspirados, baratos e confiáveis.

A adoção de motores turbos elevaria os custos a níveis insuportáveis e acarretaria no fechamento das pequenas equipes.

Com isso o clamor nos anos 80 pelo banimento dos turbos era muito grande e Balestre realmente queria isso, mas a Ferrari era contra. Acredito que a ameaça da Ferrari de abandonar a Fórmula 1 e ir para a CART tivesse o objetivo de apenas atrasar a proibição dos motores turbos, o que no final das contas acabou acontecendo a partir da temporada de 1989.

Claro que o tempo se encarregou de mostrar que não eram apenas os turbos os vilões da história, pois mesmo com motores novamente aspirados a Fórmula 1 acabou entrando nos anos 90 numa espiral de custos crescentes que pode levar a um grid de apenas 18 carros e 9 equipes para 2009.

Marcos Antonio disse...

De Cesaris pilotando nas 500 milhas?O Grande beijador de muros ia beijar um histórico!

Anônimo disse...

To vendo que eu nao sei nada mesmo de automobilismo, pelo menos um pouco da historia dele. poxa Jackson, vc se supera a cada post.!!! visito o blog todos os dias e to gostando muito das novidades que tem mostrado ao longo do tempo. Parabéns manão!!!!

Iron disse...

No ano passado com a possibilidade de racha entre as equipes da FOTA e FIA o Luca di Montezemolo levantou a possibilidade real da Ferrari ir para a Indy. Acho que isso vai acabar acontecendo mais dia ou menos dia já que para o currículo da grande marca italiana eles não têm essa conquista tão importante alcançada por Mercedes, Ford, Chevrolet, Honda, Toyota e outros fabricantes.

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