A pilotagem em oval: Não é simplesmente virar o volante à esquerda.


Olá amigos da Fórmula Indy. Hoje trataremos de um assunto muito interessante e ao mesmo tempo subestimado: A pilotagem em circuitos ovais. Muitas pessoas que costumam acompanhar com mais freqüência as categorias onde predominam os circuitos mistos, principalmente a Fórmula 1, costumam comparar o estilo de pilotagem adotado na categoria mais popular do mundo, com o estilo de pilotagem empregado na Fórmula Indy em suas dez etapas realizadas em circuitos ovais. E as conclusões que mais saem desse tipo de comparação, sempre são as mais precipitadas possíveis quanto ao nível de pilotagem da Fórmula Indy: “Ah é muito fácil, é só virar para a esquerda”, “Andar em circuito misto é infinitamente mais difícil”, “Competir em ovais não exige técnica nenhuma”, entre outras teorias completamente infundadas.

A verdade é que dirigir em circuitos ovais não é tão simples quanto parece e a técnica empregada nesse tipo de pilotagem não perde em nada no quesito dificuldade, quando comparada com a pilotagem em mistos. Muito pelo contrário! A quantidade de segredos, truques e macetes que compõem a pilotagem em oval são maiores do que podemos imaginar.

Para começarmos a dissertar melhor sobre essas técnicas e segredos, vamos começar falando do básico que é necessário saber sobre como correr em um circuito oval. Nesse tipo de circuito, o piloto deve “tratar” o carro com muito, mas muito mais delicadeza do que em um misto. Esse “trato” mais delicado está relacionado a coisas como virar o volante com muito mais suavidade, tendo em vista que a sensibilidade e velocidade de reações de um Indycar em um oval é algo muito mais brutal do que o usual em circuitos mistos. Geralmente um carro que irá andar em um oval, tem sua regulagem com uma tendência mais forte ao chamado “understeer”, ou seja, uma tendência maior de as rodas dianteiras perderem a aderência e o carro continuar sua trajetória em linha reta. O famoso “escapar a frente”. Mesmo se o estilo do piloto for mais “traseiro”, o carro precisa sempre ter mais pressão nos pneus dianteiros, o piloto deve praticamente “dirigir com a frente do carro”. Tudo é assim por um simples motivo: Um carro que escapa de traseira em um oval, quase sempre é um carro que tem sérias tendências a ir de encontro ao muro de proteção. Em uma situação dessas praticamente devemos esquecer tudo que sabemos sobre “corrigir” a traseira de um carro de competição quando a mesma escapa. E o motivo é bem fácil de entender: Imagine por um momento um Fórmula Indy em altíssima velocidade, bem no meio da curva inclinada de um oval. Imagine que sua traseira está escapando, indo em direção ao lado direito (o lado do muro). Nesse momento, em uma fração de milésimos de segundo, a traseira do monoposto está em uma parte ligeiramente mais alta da inclinação do que a frente, que está um pouco mais para dentro da curva. Se o piloto simplesmente virar o volante para o lado que a traseira está escapando para corrigir a trajetória, como é hábito nos circuitos mistos, será como se o carro estivesse “subindo uma ladeira” em direção ao muro, pois a tração das rodas traseiras não estará mais “jogando o carro” de encontro ao centro da curva e sim praticamente empurrando a frente do carro para “cima”, o que certamente irá causar uma batida. Não é algo difícil de imaginar. Basta quando você tiver a oportunidade de andar de kart, até mesmo kart indoor: Quando for retomar a aceleração após uma freada, antes de entrar em uma curva, pressione com força o pedal do acelerador e perceberá a traseira do kart escorregando para o lado contrário da curva. Instintivamente você irá virar o volante para o lado que a traseira está indo, o que fará com que o kart volte a ficar apontado em linha reta. Esse é um dos grandes desafios que um piloto enfrente dirigindo em um circuito oval: Controlar seus instintos. Isso é mais difícil principalmente para os competidores que vieram de uma “escola européia”, ou seja, que aprenderam a guiar em circuitos mistos. Um grande exemplo de “vítima” do seu próprio instinto foi o nosso grande Tri-Campeão Mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet. Durante os treinos para as 500 Milhas de Indianápolis de 1992, o respeitado ex-piloto de Fórmula 1, então estreante na Fórmula Indy, seguia um ritmo rápido com o seu Lola Buick V6 Turbo da equipe Menards. Quando exatamente na curva 4 do famoso oval o seu carro escapa de traseira e Nelson tão acostumado com os mistos, automaticamente corrige a trajetória com um contra-esterço no volante. O resultado foi o pior acidente da carreira do nosso Tri-Campeão, que acabou sofrendo múltiplas fraturas nos pés, mas após longo tratamento pode retornar as pistas.

O excelente acerto do chassi de um carro de Fórmula Indy, é talvez mais essencial para uma boa dirigibilidade, do que em qualquer outra categoria. É muito difícil quando em um circuito oval, conseguir superar as deficiências de um carro apenas “no braço”. Há muito que ser feito para poder ter total controle de carro durante as difíceis e tensas situações experimentadas em um oval. Vários são os recursos que você tem para poder evitar as tão traiçoeiras escapadas de traseira. A regulagem das barras estabilizadoras é um desses recursos. Com a finalidade de limitar a inclinação do carro nas curvas, encontramos duas pequenas alavancas dentro do cockpit, do lado esquerdo. Ao “amolecer” a barra estabilizadora traseira, é possível evitar com que o carro escape a traseira, pois a mesma ficará mais “flexível” e será mais maleável em termos de aderência com a borracha da pista. Já para evitar com que o carro escape de frente em excesso, o que seria muito prejudicial quanto ao tempo perdido no cronômetro, é recomendado endurecer a barra dianteira, fazendo com que a frente fique mais “firme” e menos “solta” no contorno das curvas.
O acerto aerodinâmico em circuitos ovais também é um ponto muito delicado a ser analisado. Há certo tempo atrás, as fábricas de chassis fabricavam asas dianteiras e aerofólios traseiros especiais para circuitos ovais. Este “kit” tinha o nome de Handford Device e era muito similar a asas de aviões invertidas. Hoje em dia, são três os tipos de asas utilizadas na Fórmula Indy: Primeiro, a asa utilizada nas 500 Milhas de Indianápolis, que possuem apenas um spoiler, com a finalidade de dar menos pressão aerodinâmica nos carros, já que o circuito de Indy possui longas retas aonde a inclinação de mais spoilers poderia causar certo arrasto aerodinâmico e nas curvas o “efeito-solo” do carro já dá conta da pressão.
Além disso, a organização da Fórmula Indy sempre deseja que Indianápolis seja a pista onde os carros devem atingir a maior média de velocidade.
O segundo tipo de asa é aquela que possuí dois spoilers, sendo um o principal na clássica medida de -2,5 graus e o outro, que vai na parte de cima. Essa configuração é utilizada em todos os chamados “Superspeedways”, os ovais de mais velocidade da temporada. Finalmente temos a asa de três spoilers, utilizada nos circuitos mistos e ovais curtos, aonde uma pressão aerodinâmica é mais requisitada, devido a necessidade de se contornar várias curvas onde a carga aerodinâmica contribui para uma melhor aderência.

As marchas também podem influir em muito quanto ao equilíbrio do carro em um oval. E não estou falando sobre opções de relações e escalonamento das mesmas. Por incrível que pareça em um carro que, por exemplo, escape de traseira, o uso de uma marcha mais alta pode minizar o problema, pois com menos “tração” do que em uma marcha menor, a traseira ficará bem mais “mansa” e escapará menos. Não deixa de ser um fato curioso, pois é exatamente o contrário do que, por exemplo, um piloto costuma fazer quando sua traseira escapa em um circuito misto quando em condições chuvosas. Escapar de traseira em uma curva molhada, não é algo bom quando o carro está em uma marcha muito alta, pois o piloto fica com menos tração para “lutar” contra o sobre-esterço. Quanto a escapada de frente em oval, uma marcha mais reduzida pode ajudar a evitar que o mesmo aconteça, pois a tração no eixo traseiro será bem maior e assim irá deixar a traseira mais “arisca” o que vai compensar a saída de frente.

É bom lembrar que toda regra tem a sua exceção. Na história da Fórmula Indy, já vimos alguns pilotos que conseguiram “driblar” as leis da física e contrariarem tudo aquilo que se deve fazer. Quem não se lembra, por exemplo, do grande Nigel Mansell quando competia pela Newman-Haas em 1992. Emerson Fittipaldi descreve em seu livro “Uma vida em alta Velocidade”, que quando perseguia o “Leão” pelas curvas de Indianápolis, ficou totalmente espantado de ver o campeão inglês simplesmente brincando com a traseira do carro, como se estivesse em uma pista de terra. Mansell simplesmente ignorava a lógica e fazia brutais correções no volante de sua Lola!

Outro quesito que sem dúvida é o ponto mais interessante sobre a pilotagem em oval, com toda certeza é a ultrapassagem. Em praticamente nenhum outro tipo de pista no mundo, por mais de alta que seja, o vácuo é algo tão essencial para uma ultrapassagem como é em um oval. Quando você está em perseguição a um adversário nesse tipo de pista, o vácuo permite que você possa ultrapassá-lo, mesmo se o seu carro tiver um motor menos potente. O mais importante é conseguir sair rápido nas saídas das curvas, por isso se o seu carro tiver certa deficiência de potência nas retas, conseguindo sair com boa velocidade das curvas, certamente terá mais proximidade com o carro da frente e com isso terá grandes chances de se aproveitar do vácuo formado atrás do seu adversário: Naquele momento, toda a resistência do ar estará “batendo” de frente no seu rival e você estará praticamente em um “túnel” de vácuo que irá te sugar com força absurda para próximo do carro da frente, o que será praticamente a sua ultrapassagem sendo consumada. Porém é preciso tomar cuidado, saber o momento certo de retirar o carro do vácuo e colocar de lado para ultrapassar. Se você sair na hora errada ou fizer isto quando for contornar a curva adiante, correrá grande risco de pegar turbulência, ou seja, “resquícios” do ar que está sendo “disperso” pelo carro da frente. É como se um “jato de ar” fosse apontado contra o seu carro e isso com toda a certeza fará com que você perca preciosos segundos e o carro da frente abra distância de novo. O vácuo é de importância tão tremenda em um circuito oval, que é comum observarmos durante uma corrida, companheiros de equipe fazendo “jogo de vácuo”, isto é, um ajudando ao outro fornecendo vácuo para que possam se distanciar dos rivais. Esse tipo de artimanha é tão benéfico para dois pilotos ou mais, que é possível ver até mesmo pilotos de equipes diferentes fazendo isso entre si, para que possam chegar mais perto de um carro que está abrindo muita vantagem, por exemplo. O vácuo também é um dos grandes responsáveis por várias chegadas “cinematográficas” que vemos na Fórmula Indy, onde muitas vezes a vitória é decidida exatamente na linha de chegada. Isso demonstra também a enorme pressão psicológica a qual um piloto que está na ponta é submetido quando tem um rival praticamente “colado” em sua caixa de câmbio e mais do que tudo, o “sangue frio” e calma que um piloto da Fórmula Indy deve ter, pois nem sempre estar em segundo lugar na última volta faltando 100 metros para a bandeirada é sinônimo de vitória perdida, muito pelo contrário.

Ainda sobre ultrapassagens, existe um ponto que se é admirado em qualquer categoria automobilística, na Fórmula Indy é ainda mais aclamada diante da dificuldade e coragem para ser efetuada: A ultrapassagem por fora! Se em um circuito misto já é muito difícil contornar uma curva totalmente fora da borracha do traçado e ainda por cima ultrapassar o rival que está na preferencial (ou seja, por dentro da curva), em um circuito oval essa manobra não é para qualquer um. Impossível tocar nesse assunto sem lembrar do lendário Rick Mears, o “Rei das ultrapassagens por fora”. Ninguém executava tanto esse tipo de ultrapassagem como Mears e ainda por cima com tamanha exatidão e tranqüilidade. Para termos uma noção do nível de técnica que é exigida em uma ultrapassagem por fora em um oval, basta pegarmos o exemplo de um dos mais inacreditáveis “truques” já revelados sobre esse ato tão apreciado, vejam que coisa espetacular: Uma das estratégias mais utilizadas por aqueles raros pilotos que arriscam uma ultrapassagem por fora em circuito oval, é um dos maiores exercícios de paciência e inteligência já vistos no automobilismo. Trata-se de se posicionar atrás do adversário e pacientemente ir a cada volta colocando as rodas do lado direito do carro cada vez mais alguns centímetros para o lado externo da pista. Você segue durante várias voltas cada vez mais colocando o lado direito do carro para fora e vai fazendo isso até que sinta determinado “emborrachamento” da parte suja da pista. Passadas várias voltas, vai notar que se colocar o carro na parte “suja” do traçado, não irá ficar com zero de aderência como de costume e então vai pegando cada vez mais confiança em seu “serviço” e quando o rival pensar que você já desistiu, você simplesmente vai tirar vantagem do que você mesmo construiu, colocará o carro por fora e irá surpreender o seu rival! Impressionante não? E esse é apenas um dos inúmeros segredos da pilotagem neste tipo de pista. O último piloto que se tem notícia que utilizava esse segredo citado aqui, com muita freqüência, era o tri-campeão da Fórmula Indy, Sam Hornish JR, considerado por muitos como o “herdeiro de Rick Mears”. Podemos citar muito mais pilotos muito admirados pelos fãs da categoria, por suas habilidades em executar ultrapassagens por fora: Rick Mears como já citei, Gil De Ferran, Alessandro Zanardi, Nigel Mansell, Al Unser Jr, Bobby Rahal, Greg Moore, Johnny Rutherford, Gordon Johncock, Tom Sneva, Al Unser Sr, Juan Pablo Montoya e mais recentemente Thomas Scheckter, Tony Kanaan Vitor Meira, Scott Dixon, entre outros. É claro que nem sempre uma ultrapassagem pelo lado de fora é a mais bela de uma prova. Quem não se lembra da disputa do nosso grande Emerson Fittipaldi contra Al Unser Jr nas 500 milhas de Indianápolis de 1989? Fittipaldi não aliviando o pé e “Little” Al não querendo vender barato e os dois carros se tocando com Emerson mantendo a trajetória do incrível Penske Chevrolet, rumo à vitória?

Mais um fato importante de ser lembrado, é que em um oval a paciência não é vital somente para o próprio benefício seja em ultrapassagens, estratégias e o que for, mas também quanto a segurança de todos os pilotos na pista. Em um circuito oval, diferentemente de um misto, você sempre deve respeitar o traçado do seu rival, jamais pode resolver, por exemplo, “fechar” o seu rival em uma curva após ultrapassá-lo como acontece comumente em circuitos mistos. A própria configuração de uma corrida em oval não permite que atitudes assim sejam feitas, pois é uma competição onde na maioria das vezes o pé pressiona o pedal do acelerador com força total durante toda a prova. Jamais deve resolver ultrapassar o seu rival exatamente no ponto de tangência da curva, pois a força centrípeta irá fazer com que o seu carro se distancie naturalmente da tangência e assim você corre o risco de se chocar com seu adversário, o que não é algo muito confortável de acontecer quando se anda a 400 km/h. Em um oval, não há como você querer medir forças com alguém que está na sua frente concentrado em fazer a curva, você não deve arriscar simplesmente colocar o bico por dentro antes do fim da curva, como é normal em um misto. Logo é visível como para andar bem em um oval é necessário um misto de coragem e calma, algo que não é muito fácil de se conseguir em um cockpit de um monoposto com mais de 600cv andando a mais de 320km/h.

Enfim, espero ter mostrado que dirigir em oval não é “apenas” virar para a esquerda como muitas pessoas dizem. É algo mais complexo do que se pode imaginar, algo que para ser feito com maestria necessita de muita experiência, paciência, técnicas inimagináveis e principalmente, muita, muita, mas muuuita coragem.

Fabio Henrique é um viciado em automobilismo, principalmente pelas corridas do passado. Piloto de Kart dois tempos desde os 14 anos, estudante de jornalismo e apaixonado por mecânica, espera contribuir com o blog expondo seus pontos de vista. Entre em contato com o Fábio: fabiok15jps@hotmail.com

9 comentários:

Anônimo disse...

Parabéns pelo excelente texto, Fábio. Fantástico, excepcional é pouco! Apenas dando um humilde pitaco, gostaria de acrescentar que numa corrida em circuito oval é preciso ter confiança absoluta nos seus adversários quando se anda lado a lado ou se executa manobra de ultrapassagem. É preciso dar espaço e jamais executar manobras bruscas.

Exemplos de pilotos que confiaram no adversário e se deram mal devido a manobras inesperadas: Bruno Junqueira quase morreu na Indy 500 quando foi jogado no muro pelo AJ Foyt IV e Gil de Ferran foi direto para o muro em Chicagoland quando o novato Tony Renna executou uma manobra brusca a sua frente e desestabilizou aerodinamicamente o carro de Gil.

Anônimo disse...

Excelente texto mesmo. Nossa, uma verdadeira aula de como andar em ovais. Eu corro há alguns meses em campeonatos virtuais, inclusive Indy, e lendo esse texto tive chance de entender mto da realidade e que poderei aplicar nas minhas pilotagens. Parabéns msm Fábio Henrique!

Mateus disse...

Cara, EXCELENTE esse teu texto. Peço licença para colocá-lo em meu blog, sempre divulgando a fonte, é claro!!!

Marcos Antonio disse...

excelente texto mesmo fábio,muito revelador. Correr em ovais é um tremendo jogo de estratégia,eu que sei nas minhas aventuras de piloto virtual!

Anônimo disse...

Valeu pelo apoio pessoal. Manda bala Mateus, fique à vontade para colocar meu texto em seu blog. Apenas peço que divulgue o link para que possamos também prestigiar seu blog.

Brun@ disse...

Ótimo post, desmistificando mais um pouco do assunto. Parabéns.

Anônimo disse...

Existe uma grande ignorância em relação a pilotagem nos ovais, dizem ser a coisa mais fácil do mundo, se fosse mesmo, Nelson Piquet não teria quase morrido em Indy, os que crêem que a pilotagem em ovais é fácil, ignoram completamente o acerto do carro para oval e as altas velocidades.

Anônimo disse...

Simplesmente demais esse texto sobre como se derigir em um circuito oval.Deixou muito bem explicao,como as técnicas,o modo como se deve pilotar.Resumindo:Ficou perfeito e muito completo.Parabéns!!!!

Fabio1990 disse...

Muito interessante,
gostaria de saber como funcionaria as asas na Nascar, pois ela possui diversas formas em varios tipos de circuito!

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