A transmissão das corridas da nossa categoria pela tv aberta era realmente algo que eu imaginava não escrever a respeito aqui no Blog da Indy. Porém é impossível não colocar isso novamente em pauta após o ocorrido com a etapa do Texas, no último domingo. E olha que qualificar aquilo de transmissão soa até injusto...
O filme é repetido e todos nos conhecemos bem, desde a decisão do SBT com a Cart em 1999 (sim, o mesmo canal que havia transmitido até Indy Lights ao vivo...), passando pela Record até o momento atual com a Band - interessante notar que foram/são momentos bastante distintos da categoria. Noves fora a questão da opção das emissoras por essa modalidade de transmissão (a filosofia de não exibir ao vivo é decisão tomada e não há praticamente nada a fazer a não ser lamentar, no sentido do estabelecimento disso para a Band), a minha maior preocupação é o círculo nefasto que isso representa.
A televisão como meio de comunicação perdeu muita da sua imprescindibilidade após a popularização da Internet. Como na rede é possível - entre outras coisas - interagir de forma mais incisiva no que está ocorrendo e escolher com mais arbítrio, foi questão de pouco tempo o surgimento da bravata “A televisão morreu” (consta que o mesmo foi feito como o cinema quando esta surgiu, mas seguimos adiante). Com isso considerou-se que haveria a sobreposição da Internet sobre a transmissão convencional via satélite/cabo como conhecemos. Passados já quase 20 anos do estabelecimento da Internet comercial, vimos que a bravata era mesmo só isso. Ficou claro, como não poderia deixar de ser, a necessidade de coexistência e trocas entre estes dois meios. Afinal, você prefere se reunir com os amigos para assistir a final de um campeonato na tv de um deles ou permanecer na solidão de um computador vendo os lances da mesma partida? Com nada é excludente, que tal chegar em casa e rever os gols no You Tube, afinal na televisão está passando agora uma partida de golfe?
Voltando ao centro da questão, a capacidade da televisão de disseminar e popularizar algo ainda permanece forte quanto antes. A emissora é um provedor de informações (esportivas, no nosso caso) que atinge direta ou - mais importante ainda, indiretamente - aquele que a vê. O Jackson pontuou muito bem em uma coluna passada, quando mencionou que uma das corridas era exibida em um barzinho no qual ele estava - vejam só o quanto atrativo é uma exibição (de qualquer coisa, de novela a esporte): há um ambiente diferente de uma residência que disponibiliza uma televisão para trazer mais pessoas! Foquei o indiretamente pois ai que entra a necessidade da Indy: o fã da categoria não vai deixar de acompanhar ou correr atrás de informações a respeito. Este está “fidelizado”, e precisa ser trabalhado para permanecer como consumidor. Agora aquele que está longe (e cada vez mais afastado) é a pessoa atingida indiretamente pela exibição na televisão, esteja ele no barzinho ou em casa, trocando de canais para encontrar algo interessante. Esse cara vai ser atingido quando ver a categoria na televisão e, se trabalhado posteriormente, irá se tornar um fã. Enfim: a televisão vem antes de qualquer coisa.
A não ocorrência disso destrói em escala o interesse: a pessoa que não viu pois a tv não transmitiu nem sabe que aconteceu a corrida, o portal de Internet gerador de notícias não vai ter a fonte para seus textos (sim, isso não mudou: a Internet bebe na fonte da tv para gerar conteúdo), o jornal do dia seguinte não vai publicar nem uma notinha de rodapé e isso vai secando até virar um deserto. Esse círculo nefasto começou por aqui em 1999 e não terminou, mesmo com dezenas de vitórias e até títulos brasileiros no meio. Vejam só a força que um precedente de dez anos atrás criou.
Não quero me alongar muito nessa discussão, afinal desde os tempos de Indybrasil esse assunto é quase dominante nas páginas de nossa categoria. No fundo eu gostaria mesmo que nós, os fãs, tenhamos a real noção da gravidade da não exibição das provas. Imagino que cabe a nós - a linha de frente perante aqueles que possuem os direitos ou interesses comerciais – demonstrar o caminho negativo que as atitudes como as da Band neste último domingo provocam para a Indy. Só nós sabemos que esse é um caminho praticamente sem volta.
5 comentários:
O SBT passou a exibir em VT por pressão de Gugu Liberato que tinha o IBOPE muito favorável, já que com quadros tipo "Prova da Banheira" no seu programa brigava ou liderava a audiência, juntava-se a época em 1999, o investimento do SBT na Indy a falta de títulos dos pilotos brasileiros e pronto lá se foram as provas para VT as 23h, pelo menos isso sempre foi respeitado. Foram dois anos assim com o SBT. 1999, com o campeonato mais disputado da história da CART, com Montoya vencendo Franchitti pelo número de vitórias após empate em pontos ao término da trágica prova de Fontana, marcada pela morte de Greg Moore. Em 2000, por causa da transmissão do Oscar a etapa de abertura em Homestead foi transmitida ao vivo, assim como a etapa de Jacarépaguá. Não tenho certeza se havia o GP St. Louis(Gateway) naquele calendário e se havia deve ter sido ao vivo, já que essa prova era sábado a tarde e em 1999 também foi transmitida ao vivo. Acho que as etapas de Motegi também nos foram passadas ao vivo.No fim da temporada a etapa que deu o título a Gil de Ferran em Fontana foi transmitida em compacto na madrugada de segunda pra terça, já que por conta da chuva no domingo a prova foi adiada para a segunda. Para ver isso tive que programar meu vídeo-cassete para gravar pela madrugada toda. 2001 chega e a Record tem os direitos, no início provas ao vivo, interação com espectadores, até que chega o momento do maior inimigo que a Indy tem no Brasil, a coincidência de horários com o futebol. A partir daquele ano a Record passava a dividir o Brasileirão com a Globo e assim as provas que coincidiam com o horário das 4 da tarde, entravam em VT após o futebol. A etapa de Surfers Paradise que foi a do bi de Gil de Ferran foi transmitida em VT domingo pela manhã, devido a programação da IURD na madrugada.A partir de 2002, além do futebol, o prgrama do Netinho tornou-se adversário da Indy também mesmo vindo com o bi-campeonato de Gil de Ferran. Essa foi a primeira temporada da CART sem a Penske que havia se debandado para a IRL. O título veio para Cristiano da Matta, com sua conquista sendo em Miami, prova que não seria transmitida ao vivo e sim em VT as 16h já que era domingo de eleição no país e não haveria futebol, mas a afiliada da Record no RS não transmite pois prefere passar um local com a apuração de votos no momento da prova. A partir dessa temporada sim a bagunça televisiva da CART se instituiu. Em 2003 a RedeTV assume a transmissão. Fernando Vanucci e Celso Itiberê são escalados, mas por conta da TV Pampa que era afiliada da Record e passou a ser da RedeTV no início desse ano pude acompanhar a etapa de Monterrey, mas a de Long Beach não, já que a TV Pampa voltava a ser afiliada da Record, aquela foi a última prova da CART que assisti. A Band começa a passar a IRL em compactos em 2004 e Tony Kanaan é campeão. A partir de 2005 a Band exibe algumas provas ao vivo e outras em compacto, esquema parecido com o de 2006 e 2007, ano passado praticamente só as provas ao vivo na Band, já que as provas passaram a ser jogadas na PlayTV/Rede21, que não tem abrangência em todo território nacional, assim quem dependia da Band aberta se ferrou e esse ano deverá ser pior ainda. Até iniciaram bem com compactos pelo menos, mas já descartaram na terceira etapa e pelo jeito será quase impossível ver alguma prova domingo na Band.
É realmente um desrespeito com os fãs de automobilsmo.
E pra que ter futebol em dois canais são todos os mesmos jogos,não tem diferença nenhuma além dos narradores.Os gols são os mesmos.
Natanael, também estou bem pessismista quanto as provas ao vivo. Mas vamos torcer, cobrar e montar posição para demonstrar a Band que há público para a categoria.
Muriel, o lance de dois canais transmitirem futebol na verdade é uma conduta da Globo: como ela paga caro para deter (e controlar totalmente) os direitos de transmissão das competições nacionais, repassa para uma segunda emissora e recebe por isso, recuperando uma parte do que foi pago. Além disso, é também uma maneira de "controlar" a audiência desse segundo canal, pois como a exibição será a mesma da Globo, a tendência é não roubar audiência desta. Com duas coisas iguais, na dúvida o povão fica na Globo. Se a Band transmitisse uma outra coisa, era um risco (mesmo que pequeno) para a Globo. Como a Band não tem bala para pagar os direitos de transmissão como controladora, aceita as imposições da Globo (horários, times, jogos, etc) para ter algo que atrai publicidade. É uma longa história e qualquer dia voltamos nesse tema. Um abraço.
Algunas emissoras não sabem mais o que fazer e transmitem até campeonatinho de futebol de vila.
Pra que tanto futebol?????? e a indy onde fica?
Na lembrança de quando era transmitida ao vivo...
É uma pena, mas talves isso mude...........
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