Por dentro do capacete, por Fábio Henrique.

Justin Wilson na Dale Coyne: Quando um bom piloto leva um carro ruim ao limite.

Olá amigos. O quê dizer da estréia do inglês Justin Wilson, pela famosa equipe Dale Coyne, a eterna “Minardi” da Fórmula Indy?
Tamanha é minha emoção ao ver um piloto conseguir levar ao pódio uma equipe pequena e de orçamento mais do que limitado, que não poderia deixar de dedicar esta minha coluna ao feito extraordinário realizado pelo “gigante” inglês, que durante a sua carreira quase sempre esteve a bordo de carros inferiores aos da concorrência.
Quando foi anunciada a saída de Justin Wilson da Newman Haas no ano passado, muitas especulações foram feitas sobre a futura equipe que esse inglês de 1,92 metros de altura, viria a defender. Até a Penske foi cogitada, mas no fim das contas, Wilson só conseguiu um cockpit na Dale Coyne e nem é preciso dizer o tipo de “expectativa” que essa mudança gerou nos fãs da Fórmula Indy. Todos pensaram: “Ai está mais um exemplo de talento desperdiçado em prol do dinheiro”, pois o motivo pelo qual o gigante britânico saiu da Newman Haas foi exclusivamente pelo fato de que a equipe precisava mais do dinheiro de patrocinadores trazidos por Robert Doornbos e Milka Dunno, do que dos serviços prestados pelo vencedor do GP de Detroit do ano passado.

O fato é que com exceção da vaga ocupada na Newman Haas no ano passado, Justin Wilson quase nunca em sua carreira, teve a oportunidade de dirigir por uma equipe considerada grade e de ponta. Quando correu na Fórmula 1, fez a sua estréia pela Minardi no ano de 2003, sendo que na verdade deveria participar da categoria bem antes, o que não aconteceu pois a pequena equipe italiana, precisou fabricar um chassi próprio para a enorme estatura de Wilson, o que demorou certo tempo. Obviamente, ele pouco pode fazer com uma Minardi nas mãos. Mesmo assim, o inglês não fez tão feio para um piloto da Minardi, bateu o seu companheiro de equipe Jos Verstappen em algumas classificações e posições de chegada, sendo que na altura do Grande Prêmio da Alemanha, foi convidado pela Jaguar para substituir Antônio Pizzonia. Correndo pela milionária e pouco eficiente equipe verde, Wilson conquista o seu único ponto na Fórmula 1, com o oitavo lugar no GP dos EUA em Indianápolis.

Vendo que não conseguiria vaga para permanecer na F1 em 2004, Justin resolve mudar o rumo e partir para a América do Norte, aonde veio a se tornar mais um ex-piloto de F1 a provar que o automobilismo nos EUA é mais “justo” e oferece maior tempo para que um piloto possa estabelecer o seu nome. Com uma vaga na mediana equipe Mi-Jack Conquest, o inglês faz uma boa estréia na Champ Car, conquistando boas posições de largada e sempre terminando as provas entre os “top 10”. Observando a constância e potencial de Justin, a até então emergente equipe RuSPORT, convida o gigante para integrar o time durante a temporada de 2005. Finalmente o piloto inglês encontra o lugar certo para demonstrar o seu grande talento: Vence o Grande Prêmio de Toronto e a última etapa da temporada, no México. Com isso, a RuSPORT termina o campeonato em um excelente terceiro lugar. Vale lembrar também, que o companheiro de equipe de Wilson durante a temporada de 2005, era ninguém menos do que A.J. Allmendinger, considerado por muitos entusiastas do automobilismo como um dos melhores pilotos norte-americanos de monopostos dos últimos tempos. A diferença entre Justin e A.J. no final daquela temporada, foi de 38 pontos.

O ano de 2006 viria a ser a melhor temporada na carreira de Wilson. Ainda pela RuSPORT, consegue conquistar o vice-campeonato, atrás somente de Sebastien Bourdais. Com 7 pódios, incluindo uma vitória em Edmonton. Outro vice-campeonato entraria no currículo do inglês em 2007, ano de estréia do maravilhoso chassi Panoz DP01 na Champ Car, com a qual Justin venceu o GP da Holanda em Assen.

Com uma curta, porém vencedora carreira na Champ Car, nada mais justo do que uma contratação por um time grande após a fusão com a IRL. E assim Justin é contratado pela Newman Haas Lanigan, para substituir Sebastien Bourdais. Wilson marca a pole na última corrida da história da Champ Car em Long Beach 2008. Já com as duas categorias unificadas, Wilson não decepciona, vence o Grande Prêmio de Detroit, conquista duas voltas mais rápidas e termina o campeonato na frente do seu companheiro de equipe, o promissor Graham Rahal.

Apesar de não estar mais em uma equipe de ponta, é certo que o inglês ainda vai dar muito trabalho aos “cobrões” da Penske e Ganassi durante esta temporada, pelo menos nos circuitos mistos. Não devemos subestimar a capacidade da Dale Coyne também. A equipe continua sendo a mais pobre que disputa o campeonato regularmente, porém nos últimos tempos tem conseguido reunir uma quantidade de excelentes profissionais ao seu redor. Bill Pappas, ex-engenheiro da Chip Ganassi e uma referência quando se fala em qualidade e experiência na área técnica da Fórmula Indy, é a mais nova “aquisição” da equipe que já foi grande motivo de zombaria entre os que acompanham a Indy.

Só nos resta esperar por mais desempenhos surpreendentes por parte da Dale Coyne e Justin Wilson. Certamente o terceiro lugar conquistado em Saint Pittsburg, entrará para a galeria das performances mais fantásticas da pequena equipe. A maneira como Wilson saltou na liderança durante a largada ultrapassando Graham Rahal por fora, sua garra ao ultrapassar três carros após a bandeira amarela causada por Mutoh e Moraes e todo seu ótimo desempenho com pneus desgastados, tudo isso, é um brinde para aqueles que acompanham a categoria. Um momento inesquecível, assim como o mais do que fantástico terceiro lugar obtido por Roberto Moreno em Michigan 1996, o pódio também em terceiro lugar, conquistado por Oriol Serviá em Laguna Seca 2004 e a incrível seqüência de três pódios consecutivos alcançados por Bruno Junqueira em 2007 (Zolder, Assen e Surfers Paradise). Talvez em poucas corridas, podemos não considerar mais a Dale Coyne como a “menor” equipe da categoria.


Algumas pequenas considerações que gostaria de fazer sobre a última corrida:

- É simplesmente deprimente ver um Hideki Mutoh quase cometendo homicídio em cada corrida e ainda assim, tendo um cockpit mais do que garantido na AGR, enquanto pilotos como Paul Tracy, Oriol Serviá e Bruno Junqueira ainda estão a pé. A maneira como ele simplesmente ignorou o Scott Dixon consumando a ultrapassagem ao seu lado, é algo de um absurdo tão grande que não vemos atitude tão amadora assim nem nos mais lúdicos karts indoor de estacionamento de supermercado. Não existe meio termo, no automobilismo quando você coloca o bico por dentro, do lado do oponente, a ultrapassagem é considerada efetuada. No caso analisado, além de não estar na preferência da curva, o japonês ainda força o carro para cima de Dixon, mesmo percebendo os fortíssimos toques que forçava o bi-campeão a dar em sua lateral. A Honda sempre deve ser admirada como construtora de alguns dos melhores motores já vistos na Fórmula 1 e na Fórmula Indy, além dos seus belos e vencedores charutinhos brancos dos anos 60. Mas essa mania de sempre impor um piloto dentro de determinada equipe, apenas pela nacionalidade japonesa, é algo escatológico. Parece que nunca aprendem, desde os tempos da Lotus Honda com Satoru Nakajima, até o caso atual de Hideki.

- Rafa Matos mostrou que terá um futuro brilhante na Fórmula Indy. Apesar do excesso de entusiasmo na tentativa de ultrapassar Danica Patrick, não devemos considerar o piloto da Luczo Dragon, como único culpado pelo acidente. Foi um lance normal, que acontece nas corridas. O problema é que em um circuito de rua estreito como Saint Pete, se alguém escapa, a tendência é ir para o muro. Matos colocou o carro por fora e estava praticamente ao lado de Danica e como foi dito, um piloto sempre deve pensar “coloquei o bico do lado, já passei”. Porém a curva era para o lado contrário e Danica fazendo uso da tradicional “espalhadinha” que todos pilotos fazem quando visualizam um oponente praticamente encostado em seu carro, terminou por desencadear o último fator que resultou no acidente.

-E é claro, para não perder o costume, a “queridinha da América”, foi tirar satisfações com o brasileiro, sempre fazendo uso dos palavrões e palavras “impublicáveis”, segundo o próprio Raphael Matos. Como eu li em um grande fórum da Internet, Danica nunca muda. Continua arranjando encrenca demais, para alguém que sempre anda da metade do pelotão para baixo. Queria agredir Ryan Briscoe nas 500 Milhas de Indianápolis do ano passado. Hoje o Australiano venceu a primeira corrida da temporada e certamente lutará pelo título da temporada, enquanto Danica parece não ter evoluído nada, mesmo estando em uma equipe de ponta e tendo por perto um piloto do naipe de Tony Kanaan, para poder tirar aprendizados. Mas querer aprender parece ser algo distante para a “mulher maravilha”. Parece estar mais preocupada em bancar a “protagonista de filme B da Sessão da Tarde”, a “garota durona que dá pau em muito marmanjo, e ai, vai encarar?”. Não se trata de machismo ou implicância e sim de impaciência com a falta de educação, vontade de aparecer e maior preocupação em fazer marketing do que em acelerar dentro do cockpit. Aposto que a Sarah Fisher, por exemplo, no lugar de Danica Patrick, não daria tanta importância assim aos acontecimentos “extra-pista”. Sarah conquistou uma pole position no Grande Prêmio do Kentucky de 2002 e também um terceiro lugar nesta mesma pista em 2000. Ambos os resultados foram conquistados a bordo de carros da Walker, equipe que nunca se deu bem na IRL. Será que Danica, tão preocupada com suas atuações fora das corridas, iria repetir os feitos de Fisher, andando em uma equipe pequena?

4 comentários:

Ricardo Pignatelli disse...

Belo comentário, principalmente o último, não sou machista, mas já cansei desses xiliques da medíocre Danica Patrick.

Muriel Henrique Gomes Miguel disse...

O último comentário foi explendido,Danica por qualquer coisinha fica irritada ,parece até um homem.

Natanael disse...

Os chiliques da Danica são propositais, afinal as câmeras se voltam para ela, o patrocinador aparece e todos que envolvem a marca Danica ficam felizes. O problema é que em termos de resultado da piloto Danica não há nada excepcional. Pilotando para a Andretti-Green tinha obrigação de andar mais a frente, mas não é o que acontece. Ela evoluiu algo em mistos? Acho que não. E quanto ao Mutoh, é irritante vê-lo na pista numa AGR, enquanto Paul Tracy, Bruno Junqueira, Tomas Scheckter, Oriol Servia estão a pé e Vitor Meira e Justin Wilson em equipes fracas.

Leandro Marcolino disse...

É uma pena ver coisas assim em qualquer categoria do automobilismo. Tudo por causa do dinheiro.

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