Escreverei hoje sobre um assunto que não sei se tem resposta, mas vamos tentar esclarecer algumas coisas. Vamos falar dos pilotos consagrados na Fórmula Indy e a tentativa dos mesmos em serem vencedores na categoria máxima do automobilismo.
É uma discussão bem complicada essa, gostaria de falar sobre isso já faz tempo, seria mais fácil fazer relatos sobre as idas e vindas dos pilotos, porém estava no Fórum DownForce no qual sou membro e recomendo a vocês se quiserem se registrarem, e vi uma pasta com este assunto, o que me animou ainda mais. De inicio falaremos dos pilotos que tiveram sucesso na Fórmula 1 e que conseguiram vitórias na categoria com base européia e trataremos apenas da década passada.
Podemos começar falando sobre o carro e as equipes da Fórmula 1. Diferentemente das demais categorias de automobilismo mundial, na F1 cada equipe é responsável por fabricar e desenvolver seus carros, além de terem de se virar para procurar motores, hoje em dia não existem mais equipes como na Indy onde levam o nome de seus donos, exceção feita a Williams, Red Bull, Force Índia e BrawnGp que nada mais é que a Honda disfarçada. A única coisa que todas as equipes tem em comum são os seus “calçados”, ou seja, os pneus. Este cenário já vem desde a década passada, e cada vez mais as montadoras estão vencendo campeonatos.
Franck Williams foi o ultimo construtor a vencer um mundial de pilotos justamente com um piloto vindo da Fórmula Indy, o campeão da última temporada da IndyCar antes da cisão Jacques Villeneuve venceu o mundial de Fórmula 1 dois anos depois.
O piloto canadense sentou-se em um carro que vinha sendo competitivo desde o inicio da década de sua chegada à equipe de Grove, tanto é que em 1996 no seu ano de estréia na categoria ele foi vice campeão mundial e seu companheiro Damon Hill foi o campeão.
O FW19 é considerado por muitos, um dos melhores carros da história da Fórmula 1, mas seria somente por isso que o piloto Jacques Villeneuve foi o campeão?
Voltamos três anos antes no tempo e iremos chegar na temporada de estréia de Jacques na Fórmula Indy, e naquele ano o piloto de Quebec venceu a primeira corrida em seu ano de estréia na Indy, o que naquela época poderia ser um fato muito considerado pois o nível era um dos mais altos já visto na história da Indy, Villeneuve ficou em sexto no mundial daquele ano, atrás do três carros da Penske, que era tida como tão fortes ou mais que os carros da Williams de 1997. No ano seguinte o canadense conquistou seis poles positions e quatro vitórias na categoria, sendo que a segunda da temporada foi nas 500 milhas de Indianápolis e acabou conquistando o titulo da categoria, fato este determinante para sua ida a Fórmula 1.
Os números de Villeneuve em 1997 são impressionantes, com dez poles e sete vitórias, enquanto isso seu companheiro de equipe o alemão Heinz Harald Frentzem conquistou apenas uma vitória.
Nos anos seguintes, o piloto só conquistou fracassos na Fórmula 1. Após seu titulo mundial, a Williams começou uma grave crise que se perdurou até meados de 2001, quando outro piloto vindo da América chegou e venceu corridas. O canadense esteve no circo da Fórmula 1 até o final do ano de 2006.
Villeneuve foi chamado para desenvolver a equipe recém criada BAR, que comprou o espolio da antiga Tyrrel, e que hoje é a atual equipe BrawnGP. Nesta equipe comandada por Craig Pollock, Adrian Reynard, David Richards e Nick Fry, Villeneuve lutou muito com o carro que nunca foi competitivo enquanto esteve por lá. Em 2004 teve uma chance de guiar nas ultimas corridas do ano pela Renault e não teve sucesso também, o carro era bastante competitivo, mas longe da Ferrari que dominou o ano. Depois disso Villeneuve foi para a Sauber e acabou virando BMW, sem ter um carro competitivo, comentendo muitos erro e sendo um piloto com alto salário, sua vida na Fórmula 1 acabou em 2006.
Resumindo de uma forma geral Villeneuve só fez grandes apresentações na Fórmula 1 quando tinha consigo um grande carro, mas quando teve carros para desenvolver não foi tão bem como se esperava dele, conquistando apenas dois pódios em 2001 com a BAR. O canadense também tinha muitos problemas extra pistas, cada vez mais decadente, Villeneuve fazia declarações com relação a pilotos, equipes e tudo que girava em torno da Fórmula 1.
Já na Indy, Villeneuve nunca esteve em uma equipe fora de série, em sim em uma equipe competitiva nos anos de 1994 e 1995, onde no último ano se sagrou campeão derrotando pilotos consagrados como Al Unser Jr., Emerson Fittipaldi, Bobby Rahal entre outros.
Juan Pablo Montoya chegou a Fórmula 1 no ano de 2001 pela mesma equipe de Jacques Villeneuve. Voltando dois anos no tempo, o piloto de Bogotá foi campeão da Fórmula CART vencendo sete corridas e fazendo a pole em sete provas, e estava na equipe mais bem estruturada da categoria, a Chip Ganassi Racing, que vinha de três campeonatos conquistados por Vasser e Zanardi. Montoya em duas partes do campeonato de 1999 da CART estava tranqüilo na liderança, mas em outras duas vezes quase se complicou, e só foi campeão por ter mais vitórias que o escocês Dario Franchitti, já que os dois terminaram o ano com a mesma pontuação.
No ano seguinte, a Williams contratou Jenson Button, e Montoya teve de fazer mais uma temporada na CART, com um motor Toyota em fase de desenvolvimento, o piloto colombiano não conseguiu mais que a nona posição no campeonato, mas ainda sim conquistando a primeira vitórias para os propulsores japoneses, além de outras duas. Ainda neste ano, a equipe Ganassi resolve competir nas 500 milhas de Indianápolis levando seus dois pilotos, e dentro do regulamento da IRL o piloto colombiano vence na sua estréia no templo maior do automobilismo mundial, marcando seu nome na história norte-americana de automobilismo.
Chega à oportunidade tão esperado por Montoya na Fórmula 1, muito afoito e agressivo, não completa oito das dez primeiras provas no ano, e começa a ser questionado, porém todos viam nele o único piloto do grid que não respeitava Michael Schumacher dentro das pistas. Venceu pela primeira vez no ano em Monza, uma das pistas mais tradicionais da F1 e foi segundo na ultima corrida do ano no Japão, dando uma melhorada na sua imagem para todos, mas seu companheiro de equipe, o irmão de Michael foi bem melhor que ele, vencendo três provas, e terminando em quarto no mundial de pilotos, duas posições a frente de Montoya.
No ano seguinte Montoya não venceu, mas convenceu, já que podemos dizer que ele foi mais calmo nas pistas, e ficou na frente de seu companheiro de equipe na tabela de pontos, terminando em terceiro, atrás apenas dos dois carros da Ferrari, que venceu nada menos que quinze das dezessete etapas do ano.
A grande chance do piloto colombiano foi em 2003, quando disputou o titulo mundial até as ultimas provas, mas foi vencido por Schumacher e Raikkonen. No ano seguinte com um equipamento pouco competitivo e a Ferrari repetindo o desempenho de 2002 vencendo quinze provas, se despediu da equipe Williams vencendo a ultima corrida do campeonato vencida no Brasil e segue para a equipe McLaren.
Se na Williams ele bateu o companheiro de equipe, na McLaren a história foi diferente, mesmo vencendo três provas no ano de estréia na McLaren, a equipe inglesa tinha um excelente carro, talvez até melhor que o carro campeão do ano, mas mesmo assim Raikkonen que foi vice campeão mundial e Montoya que com duas corridas a menos no ano por estar supostamente lesionado, ficou em quarto, não fazendo nem a metade dos pontos de seu companheiro de equipe. Sempre com problemas com a balança, o piloto era tido como pouco profissional, e na metade do ano de 2006 foi dispensado pela equpe McLaren.
Dos pilotos que tentaram a sorte na Fórmula 1 nos últimos anos, podemos dizer que estes dois campeões nos Estados Unidos como diriam o narrador oficial da Fórmula na Rede Globo, tiveram sucesso sim na categoria máxima do automobilismo. Se Montoya não chegou ser campeão, ele sempre era tema nos jornais e nas próprias corridas, pela sua atitude de nunca desistir e de encarar qualquer piloto, conseguindo sete vitórias e treze poles positions, mas é inegável também que Montoya se comportou nas suas ultimas temporadas de F1 como piloto da qual. Exceto o ano de 2003 quando tinha um carro para brigar pelo titulo mundial, sempre teve carros inferiores a seus adversários, mas sempre fazendo boas corridas, mesmo em seu inicio da Fórmula 1 na série de abandonos, a segunda corrida do ano poderia ter sido vencido pelo colombiano, caso um retardatário não o tirasse da prova. Já na Indy, diferentemente de Villeneuve, além do seu talento, foi campeão graças a ter a melhor equipe da categoria ao seu lado, e no ano seguinte com muitas falhas e com contrato assinado já com a Fórmula 1 deixou a desejar.
Outra característica dos pilotos, é que tiveram suas carreiras direcionadas de forma inversamente. Enquanto Montoya teve sua carreira baseada na Europa para chegar a Fórmula 1, Villeneuve teve sua carreira baseada na América e ganhou um convite de Frank Williams para guiar seus carros.
Recentemente, estes são apenas os dois campeões da CART que foram para a Fórmula 1 e fizeram um pouco do que mostraram na América, se Montoya não conquistou fãs pela sua fama de mal educado e agressivo fora das pistas, ganhou muito respeito ao peitar adversários na pista e vence-los em algumas oportunidades, não teve a glória de ser campeão mundial, mas venceu em pistas como Mônaco, Silverstone, Interlagos e Monza. Já o canadense mesmo com o carro imbatível, fez também por ser imbatível e chegou ao auge na categoria, conquistando o titulo que seu pai (um dos mais respeitados pilotos que a F1 já teve) Gilles Villeneuve não conseguiu vencer.
Não podemos nos esquecer também, que tanto Villeneuve como Montoya saíram pelas portas do fundo da categoria, os dois sendo dispensados pela BMW e McLaren respectivamente, o que deixou de certa maneira má impressão dos dois, o pré-conceito de vir da Indy já é enorme, e quando os pilotos na F1 batem de frente com chefes de equipe, imprensa e companheiros de profissão, o relacionamento se torna pior ainda e são tidos como maus elementos.
Na próxima coluna falaremos dos pilotos que venceram tudo na Indy, mas quando chegou na Fórmula 1 não deu certo.
E você leitor do Blog da Indy, qual sua opinião sobre o assunto? Sabemos que o carro é fundamental em qualquer categoria do automobilismo, mas além disso, o que falta para os pilotos da Indy terem postura de pilotos de F1, quando estes vão para a categoria máxima?
8 comentários:
Sao escolas diferentes a Europeia(F1) e Americana(Indy).A F1,eu acho tem circuitos muito mais exigentes para ver ultrapassagem e Indy com provas em ovais nao acho que sejam tao exigentes quanto os mistos da F1 e os circuitos mistos da Indy sao curtos em relacao aos da F1 e por isso a Indy nao considero uma categoria que forme pilotos para a F1. O proprio Eddie Cheever comentou uma vez que EUA nao possui uma categoria como a F3 para preparar pilotos americanos para Europa.Os carros tambem acho muita diferenca embora a potencia seja proxima.Como exemplo quando o circuito notre dame do Canada sediou no mesmo ano a Formula Indy e F1. O pole position da Formula indy nao coseguiria se encaixa no grid da F1.Os carros da F1 em termos aerodinamicos sao muito mais avancados pois dizem que o dowforce sobre um F1 seria possivel um carro de F1 correr a 260km/h de cabeca parabaixo se tivesse tal pista.(se nao me engano isso foi dito por um engenheiro da Sauber em 93).Michael Andretti foi campeao da CART em 91 foi para F1 em 93 na Mclaren/Ford e apesar da equipe estar num nivel abaixo em anos anteriores pois perdeu o motor Honda as atuacoes de Michael foi muito abaixo do esperado, batendo mais do que pontuando como prova do que digo seu melhor resultado foi o terceiro lugar em Monza , uma pista cujas retas devem lembrar os ovais para michael. E ele nao terminou a temporada pois parece em comum acordo equipe e piloto encerraram a parceria.
A Fórmula 1 é dominada ou por pilotos extraordinários ou por carros extraordinários, às vezes por pilotos extraordinários em carros extraordinários.
Conforme sabemos, na vida encontramos poucas pessoas extraordinárias, pois a maioria são pessoas comuns. Assim também é na Fórmula 1.
Não adianta tentar analisar porque os pilotos que vêm da Indy fracassam na Fórmula 1 porque a maioria dos pilotos, independente da origem, está fadada ao fracasso mesmo, porque apenas poucos, os melhores ou aqueles com os melhores carros, prevalecerão.
Na Fórmula 1 atual vejo somente 3 pilotos extraordinários que fazem a diferença: Hamilton, Vettel e Alonso. O resto é piloto comum, que poderiam até ganhar, mas dependeriam de carros extraordinários, como Jenson Button e o atual carro da Brawn GP.
Sabem por que Montoya não foi campeão da Fórmula 1? Porque por melhor que fosse, existia o Michael Schumacher, o melhor do seu tempo. Isso não significa que Montoya fosse ruim, talvez até fosse um pouco melhor que a média, mas existia alguém melhor que ele. Isso para mim não é fracasso, mas sim contingência natural da vida.
Por melhor que você seja, é quase certo que você irá encontrar alguém melhor. Como a Fórmula 1 paga os melhores salários do automobilismo, é claro que é ali que estarão os melhores, os extraordinários.
Alguns pilotos de Fórmula Indy acostumam correr em circuitos ovais,e quando chegam na Fórmula 1 numa grande equipe as vezes se dão bem ás vezes se dão mal.O exemplo de Alessandro Zanardi,que correu na Fórmula entre 1993 e 1995,na chegada a Indy Zanardi não tinha nenhuma experiência em circuitos ovais tanto que em seu ano de estréia venceu apenas em circuitos mistos.Com o tempo ele foi ganhando experiência e em 1997 venceu pela primeira vez num circuito oval,e com isso vencendo em mistos e ovais ,acabou conquistando 2 títulos.
Chega o ano de 1999 Alex resolve voltar a Fórmula 1,e é contratado pela mesma equipe de Villeneuve e Montoya a Williams.Sem bons resultados Zanardi fica sem contrato e 2 anos depois volta para a Fórmula Indy(naquela época Fórmula Mundial), e nesse ano ele sofre o pior acidente de sua carreira no GP da Alemanha.Resultado de se acostumar a dirigar em mistos.
Mas existem também pilotos campeões na F1 que foram para Indy,e se deram muito bem (inclusive se tornando campeões novamente),como o nosso grande ídolo Emerson Fittipaldi e Mario Andretti.
Mas porque será que alguns pilotos não se dão bem quando mudam de categoria?
Para mim a F1 tendo carros diferentes entre equipes sempre será complicada aos pilotos Indy, eles tendo alguma experiencia em mistos ou não. Fora que os Indy são arcaicos em tecnologia frente aos F1, concordam? OUtra coisa foi o q o Muriel disse, na F1 não se dá tempo de adpatação ao piloto, ele tem q mostrar serviço logo no primeiro ano, uma pressão maior ainda do que o piloto já teria.
Belo artigo, ótimo tema,
Villeneuve acabou sua carreira na F-1 por que foi muito arrogante e com suas atitudes as portas se fecharam para ele em muitas equipes, mas também acredito que aquela mudança técnica em 1998 com a chegada dos pneus sulcados entre outras coisas, prejudicaram seu desempenho. Quanto à Montoya foi um desperdício infelizmente, que piloto. O colombiano só não foi campeão ou não obteve melhores resultados pela falta de constância e juízo!
Villeneuve conquistou um título na F1 e se não me engano além dele apenas Emerson Fittipaldi, Mário Andretti e Nigel Mansel foram campeões nas duas categorias. Montoya foi bem, conquistou vitórias e poles, disputou o título em 2003, até a prova de Indianápolis, onde foi desclassificado da prova de maneira discutível. Era um dos poucos a não se intimidar com Michael Schumacher e sua Ferrari, ou melhor era o único que tinha coragem de colocar o alemão para fora da pista como em Interlagos e em A1Ring em 2001. Michael Andretti e Alessandro Zanardi, além de não contarem com carros bons (Andretti tinha a concorrência de Senna, aí era covardia) não conseguiram se adaptar a tecnologia dos carros de F1 e acabaram saindo da categoria. A bola da vez é Sebastien Bourdais, tetra-campeão da Cart, mas que está na marca do penalti na Toro Rosso, ainda mais que na temporada passada Vettel conseguiu vencer com um carro da equipe.
O problema do Montoya foi que ele precisa de motivação para correr. E isto ele não tinha mais na Fórmula 1. Não hoje, mas antes a Indy era mais paixão o carro era mais na mão e a Fórmula 1 mais técnica, onde o carro fala mais que o piloto!
Quem sabe se não é o traçado das pistas que influemciam nisso?
A F1 é bem dificil de ver uma ultrapassagem e é pouco competitiva(eu não acompanho a categoria a anos),os circuitos Europeus estão obsoleto e não permitem ultrapassagens, ja os da America são mais competitivos.
A questão é que na F1 vence a equipe mais rica(nesse ano isso não aconteceu).
666
Postar um comentário