A falta que faz uma “Fórmula alternativa”.

Certamente uma das principais diferenças entre a atual Fórmula Indy e a antiga CART, ou Champ Car, é a posição das duas categorias como opção de escolha para os pilotos de alto nível que não conseguem se estabelecer na Fórmula 1 ou não encontram oportunidade para demonstrarem seus verdadeiros talentos na categoria máxima do automobilismo mundial.

Podemos dizer que por mais que a antiga CART ainda fosse uma categoria nos moldes estadunidenses, com várias corridas sendo realizadas em ovais, ainda assim estava em um nível de internacionalização aonde era vista como uma opção a mais para os “excedentes” da Fórmula 1.

Isso acontecia devido a diversos fatores. Diversas marcas de motores, chassis e pneus, patrocinadores de vários lugares do mundo, grande quantidade de circuitos mistos comparáveis aos melhores encontrados na Europa, tecnologias em desenvolvimento e inúmeras outras características que davam a saudosa categoria um caráter de “Fórmula alternativa”, um campeonato de alto nível que não buscava apenas ser uma opção a mais que a Fórmula 1, mas sim rivalizar com a categoria de Bernie Ecclestone.

É possível dizer que nos tempos atuais a IRL ocupe uma posição similar aquela que a antiga CART ocupava frente à F1? É bem verdade que Ryan Briscoe era piloto de testes da Toyota e não conseguindo um cockpit titular na Europa acabou mudando para os EUA. Robert Doornbos, ou “Bobby D.” (odeio essas mudanças de nomes que os pilotos fazem para se tornarem mais populares ao público estadunidense), já foi piloto da Minardi e da Red Bull na F1. Justin Wilson também correu pela Minardi e já foi piloto da Jaguar, não teve chances de demonstrar seu potencial na F1 mas encontrou apoio na Champ Car e chegou ao seu auge nesta temporada ao vencer em Watkins Glen com uma Dale Coyne.

Timo Glock estreou na F1, foi para a Champ Car e conseguiu voltar para a F1

Mas será que a IRL consegue “dar conta” do batalhão de pilotos “rejeitados” pela F1 que lotam o cenário do automobilismo mundial atualmente? Penso que a CART/Champ Car fazia esse papel de uma maneira melhor. A Fórmula Indy ainda está muito presa aos moldes estadunidenses de automobilismo, é comum vermos bons pilotos vindos da Europa e de comprovado talento, “penando” para conseguirem uma boa adaptação ao calendário de ovais e principalmente para encontrarem uma equipe competitiva, já que mais do que nunca a IRL nunca esteve tão na mão de apenas duas equipes, no caso a Ganassi e a Penske.

Vamos osbervar um pouco a situação que encontravamos nos anos 90, a época em que muitos pilotos provenientes da F1, alguns até bem sucedidos como Nigel Mansell, escolhiam a CART como uma opção extra diante da F1. Pense em como seria a carreira de pilotos do calibre de Gil de Ferran, André Ribeiro, Alessandro Zanardi, Max Papis, Dario Franchitti e muitos outros, caso não existisse uma categoria nos moldes da CART na época. Dos nomes acima, todos tentaram seguir carreira na F1 antes de se consagrarem na CART. Alguns ficaram apenas nos testes e não encontraram opções vantajosas na Europa, outros só tiveram chances em carros ruins, verdadeiras cadeiras elétricas. Para ilustrar o panorama que quero demonstrar, vamos pegar alguns grandes nomes que se encontam parados no momento ou em categorias menores, por falta de um cockpit na F1 e por não enxergarem na IRL, uma opção que combine com a escola de pilotagem a qual estão acostumados: Lucas Di Grassi, Enrique Bernoldi, Antonio Pizzonia, Christian Klien, Ricardo Zonta, Takuma Sato, Anthony Davidson, Gary Paffet, Christijan Albers, Giorgio Pantano, Paul Di Resta..

Pizzonia na Fórmula Superleague onde também corre Bourdais - Seria esta a nova Champ Car

Dos nomes citados muitos no momento se encontram como pilotos de testes de equipes de F1, mas como sabemos que atualmente os testes estão proibidos, muitos destes pilotos se encontram totalmente parados. Claro que Lucas Di Grassi, por exemplo, é um nome que tem grande possibilidade de vir a ser titular na F1 e seria loucura que um piloto na posição dele buscasse outra categoria. Mas o que eu quero mostrar é que uma categoria nos moldes do que a saudosa Champ Car oferecia até 2007 faz muita falta. Não era uma categoria apenas para quem não conseguiu um lugar fixo na F1, era também uma categoria de “espera”, correr na Champ Car não siginificava estar com as chances de correr na F1 encerradas.

Timo Glock talvez seja um grande exemplo do benefício que era a existência de uma categoria de monopostos top com moldes internacionais. Glock estreou na Fórmula 1 pela Jordan em 2004, substituindo o italiano Giorgio Pantano no GP do Canadá. Logo de cara conseguiu marcar dois pontos com uma sétima colocação. No ano seguinte a Jordan substituiu a sua dupla de pilotos e sem lugar na F1, Glock resolveu correr na Champ Car, onde apresentou bons resultados. Naquela época quem iria dizer que Glock retornaria para a F1, três anos depois? Ai está o ponto aonde quero chegar, a falta que o automobilismo mundial sente de uma categoria de monopostos de alto nível. Claro que temos boas categorias como a Fórmula Superleague (onde nosso querido Sebastién Bourdais está correndo atualmente). A Superleague, embora pouco divulgada no Brasil, é uma categoria realmente interessante. Quem já ouviu o barulho dos motores V12 de 750 hp que os carros da categoria usam, sabe do que estou falando. Pelo menos em termos de aparência e emoção, deixam os carros da IRL no chinelo. Mas não dá para comprar com o papel que exercia a Champ Car diante da escolha dos pilotos.

Sato e Davidson, será que não seria legal vê-los correndo em alguma categoria de monopostos enquanto não voltam para a F1

Não considero os protótipos como uma escolha “inferior” para aqueles que não encontram oportunidades na F1. Mas penso que as coisas seriam mais interessantes caso voltassemos a ter uma categoria como aquela que chegou até a abrigar a Minardi até então recém saida da F1!

Eu duvido muito mesmo que alguém que tenha corrido na F1 e não tenha conseguido se manter por lá, seja feliz guiando na Stock Car. Será que bem no fundo, pilotos como Luciano Burti, Enrique Bernold e Ricardo Zonta, não gostariam de correr em uma categoria top de monopostos em vez de estarem na Stock Car penando para acompanhar pilotos de qualidade duvidosa?

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15 comentários:

Anônimo disse...

FANTASTICO POST....POR ISSO Q ENTRO TODO DIA NESTE SITE...VALEU

Anônimo disse...

Sou eu denovo...GOSTARIA de perguntar para voçe uma coisa,,,olvi dizer q quase 60 por cento do grid da indycar sao de pilotos PAGANTES [ou q tenham q levar patrocinio] isto é verdade?

Josele Garza disse...

Bom, sobre o post, a extinta CART (Champ Car) sempre foi uma boa alternativa para quem tava com as portas da F-1 fechadas e vários pilotos tiveram a chance de guiar a CART e depois irem para a Fórmula 1 (Michael Andretti, Da Matta, Zanardi, Villeneuve, Bourdais, Glock), coisa que a IRL não conseguiu formar: pilotos para irem para a Fórmula 1. E muitos "entendidos" querem que a Danica vá pra F-1 só pelo fato de ser "gostosa e atraente". Se a IRL não faz esse papel e ainda ficam teimando...

Iron disse...

A champ car era uma categoria que acabou em função do poder de Bernie Ecclestone, Tony George e o pessoal da NASCAR. O projeto da Champ Car era ser uma categoria popular nos EUA e na Europa ao mesmo tempo. Com isso o poder político dos dois grupos (F1 e NASCAR) se juntaram para esmagar a antiga Indy. Uma prova disso é que em 1994 houve a primeira prova de Stock no oval de Indianápolis e depois o GP americano justamente naquela pista. Evidente que fatores políticos foram determinantes para a criação dos dois eventos. Na minha opinião isso reflete o capitalismo atual que não tem nada de "concorrente". No futuro pode haver até a possibilidade de união entre os poderosos para controlarem o automobilismo mundial por completo (se é que já não está assim hoje).

Anônimo disse...

GOSTARIA de perguntar para voçe uma coisa,,,olvi dizer q quase 60 por cento do grid da indycar sao de pilotos PAGANTES [ou q tenham q levar patrocinio] isto é verdade?

Natanael disse...

Anônimo, é verdade. A maioria é piloto pagante ou que leva patrocínio pessoal para a equipe.

Anônimo disse...

puts ki foda..

Douglas disse...

na f1 boa parte também é pagante, inicialmente o rubinho havia acerto com a Braw para correr as quatro primeiras corridas, caso aparecesse algum piloto com patrocionio melhor ele teria que sair

Anônimo disse...

sera? acho q na f1 todo mundo ali ganha pra corre

Danilo Salmito disse...

Muito bom o post. Realmente faz falta uma categoria que rivalize com a F1, lembro que no começo dos anos 90 havia uma concorrencia entre Indy e F1, os pilotos saiam de uma e íam para a outra. Claro que a F1 já possuía mais prestígio, mas nao era nada ridículo o piloto sair dela para ir passar uma temporada na Indy.
Enquanto a Indy continuar sendo quintal da Honda nada vai acontecer por lá.
Torço para que outra categoria de monopostos cresça e seja uma alternativa para os pilotos e para nós que gostamos de automobilismo.

Iron disse...

Conclusão (sobre os pilotos pagantes) a Indy está caminhando a passos largos para o mesmo destino da Champ Car, ou seja, falir.

Gilberto disse...

Se continuar assim, em breve veremos as 500 Milhas de Indianápolis com carros da NASCAR.

Iron disse...

Jackson e amigos, não seria legal haver um acordo entre a Indy e a FIA para um maior fortalecimento dos monopostos americanos no cenário internacional? Na minha opinião, o problema é político e não econômico (ou o primeiro aspecto determina o segundo). A Formula Indy é muito conhecida pelos aficcionados no mundo todo. Vimos em Kansas a presença de Sir Jackie Stewart indicando o prestígio que ainda tem a categoria mesmo com aqueles chassis velhos da Dallara. Seria uma atitude sensata dos dirigentes da IRL (se eles já não fizeram isso) de lutar pela sobrevivência da categoria junto aos dirigentes da F1. Algo como limitar o número de marcas automobilísticas a apoiarem a categoria e priorizar o mercado americano e também a entrada de 4 ou 5 gps fora dos EUA. Seria uma categoria "B" em relação a F1 mas com a possilidade de , como no passado e ainda hoje, oferecer oportunidades para pilotos vindos da F1.

Anônimo disse...

A irl é no máximo uma segunda divisão, com pilotos muito inferiores à F1. Não tem comparação.

Youssef Ahmad Mourad disse...

O motivo, pelo qual, o atual campeonato da Indy, organizado pela IRL, não atrair pilotos que não tiveram chance na Fórmula 1, ou os que correram na categoria máxima, mas que correram em carros muito ruins, que eram verdadeiras cadeiras elétricas, é que a Indy ainda mantém as suas raízes estadunidenses, correndo em ovais, tendo, ao invés, de pilotos que ganham para correr, pilotos que são obrigados a pagar para competirem na Indy e a falta de equipes de qualidade e domínio, unica e exclusivamente de três equipes, a Penske, a Ganassi e a Andretti, que são as mais bem-estruturadas, enquanto o resto das escuderias, tem que ir atrás de pilotos pagantes, senão, acabam fechando as portas. Hoje em dia, as categorias de turismo e as de endurance, são muito mais atrativas para o ex-F1, do que a Indy, pois em categorias como a Nascar, o DTM alemão, a Stock Car brasileira e em corridas de longa duração, como as 24 Horas de Le Mans, tem dinheiro de sobra, os ex-pilotos de Fórmula 1, ganham ótimos salários, garantem os seus futuros financeiros e, ainda, tem a vantagem de terem carros competitivos, de brigarem por vitórias e por títulos.

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