Greg Moore – Um ídolo

Greg sempre foi um dos pilotos preferidos de toda a geração que acompanhava a CART de meados da década passada até o final da mesma, inclusive ele e Montoya em 1999 eram os dois pilotos que eu mais torcia depois dos brasileiros. Mesmo no seu ano de estréia cometendo vários erros com relação a pilotos brasileiros. Estreando no oval de Homestead, partiu da sexta posição para chegar em sétimo e já na etapa seguinte, no oval do Rio de Janeiro liderava sua primeira corrida na Indy. Moore liderou vinte oito voltas e faltando apenas dezoito para o termino da primeira corrida brasileira da Indy, seu motor Ford estourou e abandonou a corrida. Antes da prova, o tricampeão mundial de Fórmula 1, Nelson Piquet, conversou bastante com o jovem canadense e o apontava como um dos favoritos da prova. Na etapa seguinte que foi na Austrália, Moore impressionava a todos com seu arrojo e talento conquistando o primeiro pódio, um terceiro posto.

Mas na etapa seguinte em Long Beach, Greg arrumava sua primeira confusão com um brasileiro, Christian Fittipaldi. Após perder a sexta posição para o piloto brasileiro na reta oposta do circuito de rua de Long Beach, Moore colocou seu carro lado a lado com Christian e acabou tocando o brasileiro, resultado? Os dói pilotos fora da prova. Após descer do carro Christian foi tirar satisfações com o canadense e quase lhe acertou um soco. Em Detroit e Mid-Ohio, o canadense bateu no piloto paulista André Ribeiro e começava a ser observado pela direção da CART por suas manobras ousadas. Porém o pior momento de Moore neste ano de estréia na Indy foi nas 500 milhas Michigan quando tocou no brasileiro Emerson Fittipaldi e acabou encerrando a carreira do campeão de 1989 da Indy.

O acidente no qual Greg Moore encerrou a carreira de Emerson Fittipaldi.

Passado o ano de estréia, Greg começou a ficar mais maduro e buscar melhores resultados após a equipe Forsythe trocar os propulsores da Ford pelos Mercedes. E os resultados começaram a aparecer, as primeiras vitorias aconteceram em 1997. Greg Moore teve apenas dois acidentes neste ano em corridas, coincidentemente ambas no Canadá. Mas as vitórias, o arrojo, as ultrapassagens, as entrevistas e tudo o que cercava o carro Nº 99 ganhava cada vez mais os torcedores, inclusive os brasileiros que um ano atrás tinham motivos para não gostar do canadense.

O melhor ano de Moore foi sem duvida a temporada seguinte. Pela primeira vez na Indy o canadense teria um companheiro em sua equipe Forsythe. O crescimento da pilotagem de Moore com a chegada de Carpentier e mais investimentos da Player’s foi instantâneo. Em poucas provas no ano de 1998, Moore já era líder do campeonato e conquistaria a corrida do Brasil que estava em suas mãos dois anos atrás. A constância de Moore não foi mantida em meados do campeonato e acabou perdendo a liderança para Alessandro Zanardi que foi o campeão. Moore ainda venceria as 500 milhas dos Estados Unidos no mês de julho.

O eterno carro azul e branco estampando o Nº99.

Em 1999, a Forsythe dominou os testes de pré temporada em Homestead, Zanardi saiu da CART e foi para a Fórmula 1, além de Greg Moore vencer a etapa inicial daquele ano. O canadense já era um dos favoritos ao título, com esta seqüência de acontecimentos, parecia que o campeão deste ano seria ele. Infelizmente não foi o que aconteceu. A Mercedes estava cada vez mais preocupada com a Fórmula 1 e sua equipe McLaren, deixando a CART em segundo plano. Mesmo com muitas dificuldades, Moore conquistaria mais dois pódios, um em Milwaukee com a segunda posição e um terceiro lugar em Detroit logo após assinar contrato com a equipe a equipe Penske para o ano seguinte. Os resultados na segunda metade do ano foram muito abaixo do esperado pelo canadense, mas mesmo desmotivado e lesionado por um acidente que sofreu na sexta feira (29/10/1999) durante os treinos livres quando acabou atingido por um veiculo e conseqüentemente caiu de sua moto na qual circulava pelo autódromo, Greg quis provar para Gerry Forsythe que poderia se despedir da equipe na qual estava junto desde 1995 com um bom resultado.

No sábado, o piloto não treinou e acabou não qualificando seu carro para a corrida. Para o domingo, a equipe Forsythe chamou o brasileiro Roberto Pupo Moreno para substituir Moore, o piloto brasileiro havia disputada várias corridas nesta temporada pela Pacwest e Newman Haas substituindo pilotos lesionados. Mas Moore queria fazer sua 72ª corrida na Indy na Forsythe e não na Penske. O médico da CART, Dr. Steven Olvey liberou o canadense para o warm-up. Moore fez o oitavo tempo da manhã de domingo e estava pronto para a corrida. Como não treinou, Moore largou em 27º e como era um especialista em circuitos ovais, logo conquistou algumas posições. Na primeira volta, Moore havia ultrapassado três carros e na terceira volta quando pintou uma bandeira amarela devido ao acidente de Richie Hearn, o piloto Nº 99 estava em vigésimo lugar. A bandeira amarela provocado pelo carro de Hearn durou apenas quatro voltas, bem que poderia ter durado a corrida toda. Na volta seguinte, a nona passagem pela linha de chegada, o diretor de prova agita a bandeira verde, Greg alucinado por correr, não completou a sua nona passagem para abrir a volta dez.

Gary Gerould, repórter da ABC/ESPN que cobria a Indy há muitos anos foi falar com o Dr. Steve Olvey, e foi quando o médico trouxe a notícia que todos esperavam, mas ninguém queria ouvir. "Gary, lamento anunciar que o piloto Greg Moore foi declarado morto no hospital Loma Linda. Ele morreu devido aos ferimentos na cabeça e internos. Ele foi declarado morto às 13h21”. A corrida de Fontana teve largada horário local ao meio dia. Moore estava morto às 17h21 no horário de Brasília.

Para nós brasileiros onde a internet era um meio de comunicação para poucos na época, muitos fãs da velocidade ficaram sabendo da morte de Greg Moore no Fantástico da TV Globo na qual declarou a noticia próximo das 22h00. Outros que não puderam ver o programa do fim de noite dominical, esperava ansiosamente pela corrida de Fontana para tomar o choque da notícia.

Conversando com o piloto Gualter Salles sobre Moore, o piloto carioca nos disse um momento que poucos sabiam sobre onde Gualter estava naquela tarde do dia 31 de outubro de dez anos atrás. “No momento do acidente dele eu estava ao lado do pai dele (Ric Moore) no alto da torre em Fontana. Naquela ocasião eu estava ajudando o Christian Fittipaldi como spotter naquela prova”.

Com o amigo Franchitti no último pódio de sua vida em Detroit.

Fico imaginando a reação do pai do piloto, que sempre estava presente nos autódromos ao lado do filho que hoje teria trinta e quatro anos e poderia ter multiplicado suas cinco vitórias por umas cinco vezes.

É exatamente sobre isso que converso com você agora. O que teria feito Greg Moore em sua carreira a partir do ano 2000? Greg teria pela frente o melhor companheiro de equipe que poderia se imaginar na melhor equipe daquele ano de 2000. Gil de Ferran, Greg Moore, Penske, Reynard, Honda e Firestone pareciam ser a melhor receita para se fazer o melhor resultado.

O piloto de Vancouver iria correr com o número #3 ou o #99 na Penske? Poderia Greg vencer Gil de Ferran em 2000 e 2001? Será que ele poderia se destacar como fez Cristiano da Matta em 2002 e acabar desembarcando na Fórmula 1 como muitos acreditavam que sim? Teria ele mudado junto com a equipe Penske para a Indy Racing League no final de 2001, já que a CART corrida duas provas em solo canadense? Será que ele teria conquistado por três vezes as 500 milhas de Indianápolis como fez Hélio Castroneves no carro que seria de Greg?

São perguntas que não tem respostas e talvez nem é justo imaginar tal situação devido as dois brasileiros da Penske que deram seqüência no trabalho onde Greg Moore era um dos escolhidos para realizar a tarefa. Mas o que temos certeza é a falta que esse cara faz nas pistas, a saudade só esta que aumenta, afinal, já temos estamos com uma década de saudade. O talento, arrojo e a vontade de vencer marcou este homem que não fosse o destino estaria com seus amigos vinte dias atrás em Homestead festejando o título de Dario Franchitti, um de seus melhores amigos. Ou seria o contrario? Estaria Franchitti festejando mais um possível título de Greg Moore?

Três semanas após seu acidente, a CART decidiu aposentar o Nº99 das pistas, assim como já havia feito com o Nº 14 de A. J. Foyt. A decisão dos dirigentes da CART fora unanime. Além de acelerar nos karts em sua infância, Moore amava jogar hóquei no gelo. Um dos principais astros canadenses do hóquei era Wayne Gretzky que jogava com o número 99, mas mesmo Greg tendo o atleta conterrâneo como ídolo, disse que nunca associou seu numero ao jogador. O número 99 segundo ele, foi devido à associação de kart de Westwood na qual Greg se filiou em seu inicio de carreira ter emitido seu número 99 para seu kart.

O presidente da CART na época, Andrew Craig, comentou a respeito da aposentadoria do Nº 99. “Todos achavam que devemos aposentar este número como um sinal de respeito para um herói do nosso esporte. Este número tornou seu símbolo e faz parte de seu sucesso”.

A ChampCar (antiga CART) ainda criou o premio Greg Moore Legacy Award, queera concebido ao piloto que mais parecia com o estilo do piloto canadense. Com a unificação da categoria, o premio GMLA foi repassado a Indy Lights e no ano passado a brasileira Ana Beatriz Figueiredo foi à escolhida.

4 comentários:

Iron disse...

É muito triste lembrar de um acontecimento tão lamentavel como a morte do Moore. Era um grande piloto e com certeza teria ganho as 500 milhas, além de poder emplacar títulos na CART e IRL. Ele era a grande força do automobilismo canadense e poderia ir para a F1 como aconteceu com o Cristiano da Matta. O outro piloto do Canadá de grande renome, O Paul "Fat boy" Tracy, é muito veloz mas é muito encrenqueiro. Chegou a testar uma Benetton mas a fama dele de "mau" nunca o ajudou. O Greg sim, era rápido e precisava de uma equipe forte para ganhar o campeonato. O automobilismo, infelizmente, nos reserva grandes frustrações nesse sentido. Pilotos de grande potencial são vítimas de graves acidentes interrompendo brilhantes carreiras.Tinha chegado sua vez na Penske. Mas as coisas não foram como esperávamos. Que Deus o tenha !!!!

Kleber Nunes disse...

Hoje como prometi fiz uma homenagem ao Greg Moore no meu blog. Parece que foi ontem que o automobilismo perdeu um campeão em potencial, pois talento e arrojo ele tinha de sobra.

Gilberto disse...

Esses pilotos canadenses de tão agrssivos, alguns acabam morrendo, como o Greg Moore e o Gilles Villeneuve.

Mateus disse...

Mesmo eu sendo tão pequeno no dia do acidente do Greg ainda me lembro a tristesa dos outros a minha volta.Ele com certeza seria um grande piloto ganharia varios titulos tanto na C.A.R.T quanto na irl foi mesmo um
a tristesa

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