Fórmula Indy e TV brasileira: Desrespeito, compreensão, comprometimento e identidade.

Olá galerinha do Blog da Indy, sei que você não deve estar muito feliz com que a Rede Bandeirantes de televisão fez neste último domingo com a transmissão do Grande Premio do Kansas, ou melhor, a não transmissão dele né. Pois bem, assim como você que não tem o BandSports eu também fiquei sem ver corrida nenhuma, a não ser a largada da mesma uma hora após ter acontecido e ser exibida como se estivesse passando ao vivo e depois as ultimas doze voltas ai sim ao vivo realmente, ou seja, esperamos duas horas em frente a TV para ver pouco mais de seis minutos da Fórmula Indy. No site da TV Bandeirantes estava na grade de programação que das 19:30 as 21:00 teríamos a Indy em compacto.
Acontece que não existiu compacto algum, o que foi exibido no domingo foi sim um hiper resumo por volta das 22:00 horas. O Blog da Indy comunicou a você fã da Indy ainda na noite de sábado que a TV Bandeirantes não exibiria o compacto da prova, mas quem não leu o Blog ficou na espera, e mesmo quem leu não acreditava no que a emissora paulista estava fazendo. Com certeza a TV Bandeirantes poderia ter exibido um compacto digno como foi as duas primeiras etapas do campeonato até então, mas não, preferiram se omitir da corrida e de informações sobre como e quando iria passar, ou não passar.
O próprio Blog da Indy não teve uma cobertura deste GP já que não temos acesso ao canal de assinatura do grupo Bandeirantes. Penso que haja uma certa incoerência dentro da emissora paulista, até o ano de 2007 existia uma certa indignação por parte da TV Bandeirantes e de seus jornalistas esportivos que diziam que a Rede Globo detém os direitos autorais de muitos eventos esportivos e não os transmitem. Hoje acontece o mesmo com a emissora de Johnny Saad, eles tem o evento e simplesmente não os passam, acabam jogando no seu canal de assinatura semelhante ao que a maior rede de televisão da América Latina faz, e olha que esta atitude era criticada.

Confesso que entendo perfeitamente o conflito de horários que a Fórmula Indy tem com a programação brasileira. É evidente que se você tem um produto A que tem mais clientes para ele do que o produto B, o primeiro será vendido. Me lembro que no Grande Prêmio de Milwaukee de 1993 quando ainda pertencia a Rede Manchete a Fórmula Indy (no seu auge com Nigel Mansell, Emerson Fittipaldi, Mario Andretti, Al Unser Jr, Bobby Rahal, Danny Sullivan entre outros pilotos consagrados) na volta 170 das 200 deu espaço para a transmissão de Palmeiras x Corinthians pelo mesmo campeonato paulista que interferiu no último final de semana o GP do Kansas. Vejo até hoje muitas pessoas reclamarem duramente o SBT pelo que fez com a CART em 1999 e 2000, onde transmitiram as corridas de domingo a tarde, com exceção dos GP’s Brasil que foi ao vivo, em VT. Eu também não achava legal, mas foi o menos dos desrespeitos com a categoria, já que você sabia que as 23 horas de dia de corrida lá estava a transmissão. A TV Bandeirantes poderia fixar o horário da IndyCar em sua grade de programação nos mesmos moldes, pois enquanto bater diretamente com os jogos podem esquecer, pois a média de Ibope dos jogos é quase quatro vezes maior que a Indy, aliás a maior audiência da Bandeirantes em sua história foi exatamente em jogos de futebol, durante o campeonato que a Fifa organizou no Brasil e intitulou como o primeiro mundial de clubes. Já disse aqui no nosso espaço que nos Estados Unidos tem quatro fusos horários, o que é complicadíssimo, já que uma corrida é de um lado do país e outra do outro lado, assim fica extremamente difícil, e ainda mais que as corridas tem em média duas horas de duração aproximadamente.

Claro que a Band não é vítima da Indy, alias está com este produto porque quer. O que falta também para a televisão brasileira que exibe a Indy, é ter vontade de fazer um trabalho legal para em cima dela. A Fórmula Indy no Brasil talvez não é nem a quarta categoria mais amada hoje em dia, seu processo histórico da cisão de 1996 dividiu fãs, e mais do que isso, o espaço. De 1996 a 2006 no Brasil as duas categorias eram transmitidas por diversos canais, cada vez com menos interesse e audiência. Hoje o produto para o Brasil não é tão interessante, mas como disse, falta alguém se comprometer com a categoria e mostrar dedicação a ela.
A própria IndyCar precisa de mais comprometimento. A categoria única do automobilismo corre com carros do ano de 2003 e ainda não criou uma identidade própria, não sabe se segue o que era antes da divisão, se segue o caminho da CART e cada vez menos segue o caminho do motivo da cisão, que era uma categoria com indícios de Doutrina Monroe, América para americanos, ou seja, pistas, carros e pilotos americanos, já que a Indy estava sendo invadida de todos os modos por forasteiros. Hoje a Indy pouco tem de produto “Made is USA”, seu grid é dominado por pilotos estrangeiros, e tem um carro onde é impulsionado por motores japoneses, desenhado por italianos e roda através de borracha também nipônica.
Como disse na coluna anterior, a categoria precisa de ídolos, e a Indy está sem eles. Um de seus maiores pilotos atuais, quase foi preso e o maior produto de marketing da categoria é uma piloto que não é regular e é mais conhecida por sua beleza e seus ataques de histeria.

Desta forma o que temos é um campeonato que não é atrativo bastante para o publico de uma forma geral, não só no Brasil, mas como em todo o mundo. Segundo a analise de muitas pessoas, este ano nos Estados Unidos a IndyCar fechou o pior acordo televisivo que foi a perda da ESPN, TV líder mundial em coberturas esportivas pela desconhecida Versus, claro que algumas provas são transmitidas pela ABC, como as 500 milhas de Indianápolis o ponto alto da Indy, e que no Brasil também ainda gera bons sinais de audiência, mais pela sua história de fato, porém é nela que a TV que tem os direitos de imagem poderia trabalhar em cima para conquistar um pouco mais de fãs do automobilismo.