A Fórmula Indy Ganhando espaços no Brasil?

Por Jackson Lincoln Lopes

Belezinha galera do Blog da Indy? No último domingo em Saint Petersburg, a primeira prova da IndyCar no ano ficou com Ryan Briscoe. Até ai tudo beleza. Mas, venho falar com vocês sobre o espaço que Fórmula Indy tem na mídia.
Podemos começar falando da televisão. A Rede Bandeirantes detém os direitos da IndyCar desde 2004 para o Brasil através de seu empresário e comentarista Willy Herman. De 1985 a 1992 transmitiu a Fórmula Indy e também de 1996 a 2001 a IRL. A Band parte para a décima nona temporada junto da Indy, mas hoje em dia não da o espaço que foi lhe dado na década passada. E o motivo é óbvio: audiência. Televisão não vive do que seus donos gostam, e sim do que pagam para eles. Eu escrevo com muita sinceridade que me surpreendi com o compacto de uma hora e meia na prova de Saint Petersburg. O programa Terceiro Tempo da Rede Bandeirantes apresentado por Milton Neves, teve média de 5,4 pontos de ibope no país, ou seja entregou a Indy com uma boa média, e estrava atrás da Globo, Record e SBT. Não tenho os números da audiência da Indy, mas acredito que deve ser entre 3 e 3,5 de média, uma vez li que ano passado o programa da Cicarelli fazia 2,5 pontos e um domingo passou a IndyCar, deu 3,8. O horário que a band colocou a Indy é um horário complicadíssimo em minha opinião, bate de frente com programas super conhecidos do publico brasileiro de todas as idades, que é o Fantástico, Domingo Espetacular, Pânico na TV e Domingo Legal. É um horário bom para quem quer ver corridas, claro, queríamos que fosse ao vivo, mas a Fórmula Indy faz exatamente uma década que vem sendo tratada desta maneira no Brasil na TV aberta, e não é para menos, os horários são péssimos. Não tem horários fixos como na F1 por exemplo que na Europa todas as corridas são as 09:00. Não pense que a Globo exibiria a F1 ao vivo se fosse como os horários da Indy. É um longo processo histórico a ser entendido. Me lembro que em 1999, quando o SBT começou a exibir as provas em compactos as 23 horas do domingo que era realizado a corrida, eles tinham a idéia de fixar um horário para a Fórmula CART, e tinham bons índices também, chegavam aos 12 pontos de pico. O mesmo SBT que foi quem mais deu vida a Indy e que teve o melhor trabalho realizado (ganhou o premio padrão de TV Modelo de cobertura oferecido pela CART em 1997) entre 1995 e parte de 1998 (vale lembrar que desde Vancouver não contavam mais com Luis Carlos Azenha como repórter) teve fantásticos níveis de audiência, porém Augusto Liberato aos poucos foi conquistando seu espaço junto as famílias brasileiras, onde tem bons índices de audiência até hoje, mudando as características de seu programa até hoje. No final de 2000, Emerson Fittipaldi que detinha os direitos da CART (nesta época Willy Herman já tinha os direitos da IRL, desde 1996) insatisfeito com a emissora de Silvio Santos, levou seu produto para a Rede Record. No inicio a Record fez bonito, parecia que a CART ganharia aquela vida no Brasil novamente, mas o projeto não vingou. Se nos fins da década de 90 um dos motivos que levou o brasileiro a não assistir a Indy foi a falta de vitórias brasileiras (1997 a 1999, apenas quatro) a Record não enfrentou este problema, em quarenta corridas, foram dezessete vitórias, dois títulos. Me lembro que na época as corridas ao vivo chegavam a picos de três pontos, claro, na época a Rede Record era a quarta televisão em termos de estrutura no Brasil, talvez hoje já é a segunda. Com essa queda de audiência ainda em seu primeiro ano na Record, a emissora do bispo Edir Macedo, trocou as provas ao vivo pelo programa Domingo da Gente, do cantor e apresentador Netinho. Com o mesmo problema de dois anos atrás, Emerson busca na RedeTV! Uma solução para a CART. A emissora com uma equipe bem fraca de transmissão e uma emissora em fase de desenvolvimento não tinha repórteres e nem uma equipe que tinha conhecimento do assunto. Com a chegada do Pânico no final de 2004, a CART que já não era mais CART, e sim Champ Car World Series, mas para nós brasileiros, desde 1997 era Fórmula Mundial, perdeu seu espaço mais uma vez, e na ultima corrida da temporada na Cidade do México quando Bruno Junqueira disputava o quinto título da categoria para o Brasil, a corrida foi cortada com 42 minutos de transmissão, e apenas flashs durante o programa humorístico, não passaram nenhum VT. No ano de 2005, pouco se sabe porque a emissora transmitiu somente a etapa de abertura da em Long Beach e depois na segunda etapa a categoria estava no SPORTV, onde ficou até o final do ano. Já em 2006, a emissora pertencente as Organizações Globo não divulgou nada sobre as transmissões da categoria, e na semana que se iniciaria o campeonato, o canal por assinatura FX exibiu ao vivo a temporada 2006 com propagandas, erros e tudo mais de ruim que possa se imaginar em uma transmissão de corrida. Em 2007 ninguém viu a última tempoarada da ChampCar no Brasil. Enquanto isso, a IRL, começou a ser exibida no próprio SBT, imaginem: CART e IRL no mesmo canal? Sim, mas só as duas primeiras corridas do ano, já na terceira Tony George não admitiu que o canal de Silvio Santos transmitisse suas corridas nas madrugadas e foi quando Willy Herman conseguiu os direitos da categoria e a levou para a emissora rival de São Paulo. Intitulada de a Verdadeira Fórmula Indy pela Rede Bandeirantes em 1996, alternou em transmissões ao vivo e em compactos até a Indy 500 de 2001, quando na corrida seguinte no Texas, a categoria já estava no canal de assinatura SporTV onde ficou até o Texas também em 2003. No ano seguinte a Bandeirantes conseguiu os direitos da Indy pela terceira vez em sua história, e fez muito marketing, mas logo na etapa de abertura da Indy em Homestead, transmitiu um compacto de apenas quarenta minutos. E assim está até hoje, mas desde 2005, as provas vem sendo exibidas ao vivo no canal por assinatura BandSports que pertence ao Grupo Bandeirantes.
Mas porque vim tratar deste assunto? Simples, no último final de semana aproximadamente as 19 horas acabou a energia na região que moro aqui em Maringá – PR (Zona 7) e só voltou as 21 horas. Inconformado, fui jantar fora, passando por um bar vi um telão que estava sendo transmitida a corrida pela Bandeirantes, logo parei ali mesmo. Não escutava nada, pois havia muita conversa como é normal em uma lanchonete – bar. Era nítido também o desinteresse do publico presente, escutei perto de mim, duas moças falarem: Para que passar a corrida que passou as seis da manhã novamente? Me segurei para não responder a ela. O que achei de interessante é que nestes lugares só se passam música e futebol, confesso ficar surpreso com o que vi e gostei muito, acredito que seja um pequeno sinal que as coisas estão melhorando, e quem sabe um dia podemos voltar a ser como já fomos. Nós estamos tentando fazer a nossa parte, o Blog da Indy sempre lutará pela essência e pela história do automobilismo de monopostos dos Estados Unidos, que por enquanto está na américa do norte e no Japão apenas, mas que um dia já foi mundial.
Na próxima semana retornarei com a segunda parte falando de outras partes da mídia.
E aí, o que você acha: a Indy esta ganhando espaço no Brasil?

Não me contive e tirai uma foto. Momento único que presenciei, aproximadamente umas sessenta pessoas, embora na foto não pareça, pois procurei um lugar para melhor ver a corrida.