Grande Prêmio do Brasil em 2010? Desse jeito, não



Nos últimos meses têm sido cada vez mais freqüentes os rumores sobre a realização do Grande Prêmio do Brasil de Fórmula Indy em 2010. Inclusive mais de uma cidade brasileira é considerada candidata para tanto, e já há até uma favorita: Ribeirão Preto, em São Paulo. Mas será que tudo está sendo feito da melhor maneira possível?

Os eventos internacionais esportivos no Brasil têm sempre um viés político: o principal financiador na maioria das vezes é o governo. O propalado Pan do Rio, em 2007, foi vendido como uma vitória brasileira contra a superpotência norte-americana, derrotada na escolha da sede. O resultado final (noves fora o baixíssimo nível técnico da competição) foi o gasto de milhões (sim, milhões) de reais a mais do que o orçado, valores sempre originados do cofre público. A organização, como não poderia deixar de ser, foi uma lástima e o maior legado do evento é um estádio de grande porte mal construído com apenas um time de futebol interessado em utilizá-lo posteriormente. O “Pan do Brasil” foi só uma amostra do que as ridículas campanhas Brasília 2000, Rio 2004 e Rio 2016 foram e são: uma maneira de capitalizar politicamente (e só) com um evento que atrai mídia e atenção do público. E vem ai a Copa de 2014, com a mesma tônica.

Eu considero o governo como mais um interessado em ter em seu país eventos como Olimpíadas, Copas, corridas de automóveis ou qualquer outra coisa. Ele deve ser um agente facilitador e beneficiário do acontecimento, e não o protagonista e provedor de tudo. A realização de um evento como esse deve dizer respeito, principalmente, a uma atividade comercial. Pessoas devem ganhar dinheiro fazendo isso. Essa é a força motriz. Para os envolvidos terem retorno – o que vai gerar benefícios a população – o governo deve (sempre no caminho juridicamente legal) propiciar condições para que isso ocorra, desde a cessão de uma espaço (como um autódromo) ou a disponibilização de companhias de tráfego para facilitar o acesso ao local. O governo é mais um dos interessados pois, por exemplo, a imagem da cidade será transmitida para outros locais (possível incremento no turismo), atividades comerciais paralelas como restaurantes terão mais clientes (mais impostos para o governo), pessoas trabalharão devido ao evento (mais dinheiro circulando na cidade), etc. Enfim, gira-se a economia do local sem a necessidade de subsídios ou “vontade política”. Foi proporcionada ao principal interessado (seja ela a categoria, a instituição esportiva, ou os patrocinadores) a condição para a realização do evento. Assim cabe a estes a devida competência necessária para o sucesso e a atração do público, que são as coisas que eles mais querem.

As movimentações em torno da realização do GP Brasil da Indy em 2010 parecem vinculadas a projetos políticos em um ano de eleição. E ai o jogo do “governo bancando tudo” entra em cena. Em vez de gente ganhando dinheiro, girando a economia e atraindo público, entra o Estado-mãe que se torna o centralizador de tudo. Nem digo do dinheiro mal aplicado que poderia ir para áreas de maior necessidade no país. Falo de quanto isso não é atrativo para a categoria, que fica refém da “boa vontade política”. Nesse contexto, se o governo põe dinheiro, ok, caso contrário, quem perde é a Indy. Não é mera coincidência o visto em 1994 e 1995 com César Maia (despejando milhões para a reforma de Jacarepaguá contra os interesses da FIA e da TV Globo) e o acontecido em 2001 com o mesmo, dando um calote na Cart e obrigando a categoria a cancelar a Rio 200.

Sou o número 1 na torcida para a realização do Grande Prêmio do Brasil em 2010. Vejo diversas, inúmeras e variadas razões positivas para a categoria voltar ao nosso país no ano que vem. Sem dúvida seria um fato decisivo para a restauração da popularidade da Indy por aqui. Mas isso não pode e nem deve acontecer através da “vontade política”.

5 comentários:

Anônimo disse...

Concordo com vc Leandro, todos esperan que isso de certo (aindo uma pista de rua no Brasil),e que a populariedade da categoria cresça, e tambem que volte para o RIO. Mas por que a FIA e a globo foram contra a reforma de Jacarepagua?(sera que vão ser contra Ribeirão?)
666
INDY no Brasil!!!!

Natanael disse...

Com tantos autódromos no Brasil que, com reformas, poderiam receber a etapa, cogita-se em Ribeirão Preto por questões do etanol e da politicagem da prefeita. Assim o cidadão de Ribeirão Preto já pode começar a pensar em tirar mais do bolso para pagar os impostos de cunho municipal a fim de bancar a etapa, afinal quem acaba pagando tudo somos nós mesmos. Afinal para cobrir gastos com Pan, Copa do Mundo, e projeto para olimpíada dinheiro não falta, mas para resolver os problemas mais significativos da Nação, isso está sempre em falta.

Everton disse...

Hahahaha... mas eu tô rindo a toa. Eu moro em Ribeirão!!!

Leandro Coelho disse...

666, na época vazou uma informação que a FIA havia proibido a realização de corridas em ovais fora dos EUA em circuitos menores que 1 milha. Isso foi considerado uma jogada da Globo e da FIA para "melar" a reforma de Jacarepaguá (já então com um oval curto construído) e consequentemente o GP Brasil da Cart. Cesar Maia, então, reformou mais uma vez o autódromo, aumentando o circuito para a extensão que foi usada a partir de 1996. Lembro que na época a Fórmula 1 perdeu muita audiência com a morte do Senna e a Cart era um produto muito valorizado, especialmente após a transferência da Manchete para o SBT. Assim foi considerada uma manobra da Globo para impedir um maior crescimento da categoria. Hoje não vejo o porquê da Globo tomar essa atitude, mas sem dúvida a realização do GP Brasil em Ribeirão pode incomodar a emissora (pela mídia que a Indy terá em nosso país).
Um abraço!

Anônimo disse...

Meu amigo, vai ser impossivel alguem querer fazer um evento deste porte no Brasil sem vontade politica. Moro em Ribeirão Preto e torço mto para que não haja corrida aqui. Por aqui não existe nem pista de kart. Não tem nada a ver. Fora que Ribeirão é um lugar mto fora de mão para todo mundo em se tratando de um evento em nivel mundial.
Além disso é tudo da marqueteira da prefeita. Ela só quer saber de fazer marketing pessoal e não melhora coisas alarmantes da cidade.
ótimo blog, parabens

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