O piloto brasileiro Gil de Ferran de quarenta e um anos se aposentou de forma definitiva do automobilismo neste sábado em Laguna Seca. Gil que havia deixado o automobilismo no final do ano de 2003 após vencer a etapa do Texas pelo campeonato da Indy Racing League, decidiu voltar no inicio do ano passado as disputas sobre quatro rodas na American Le Mans Series, uma categoria de carros protótipos.
Entre este período, Gil também esteve na Fórmula como diretor esportivo da equipe BAR. O piloto brasileiro além do grande talento que teve, sempre teve excelentes relacionamentos quando se tratava de assuntos políticos. Gil foi campeão em 1992 da F-3 inglesa a bordo de um carro Reynard – Honda e começava ali seus primeiros relacionamentos com o pessoal da Reynard e da Honda.
Nos anos de 1993 e 1994, Gil disputou o campeonato internacional de Fórmula 3000, terminando sua primeira temporada em quarto lugar vencendo a segunda etapa em Silverstone pela etapa de Paul Stewart. No ano seguinte, Gil continuou na mesma equipe, e acabou vencendo duas provas, em Pau na França e em Pergusa na Itália, conquistando assim a terceira colocação no campeonato. Gil chegou a fazer um teste na equipe Arrows em 1994, mas no meio do ano foi para os Estados Unidos realizar um teste na Fórmula Indy.
No final do ano de 1994, Gil deu novos rumos em sua trajetória profissional. Como as portas nas principais equipes de Fórmula 1 estavam fechadas, Gil viu na Fórmula Indy a chance de construir seu nome no cenário mundial e tentar um dia voltar para a categoria européia.
Gil de Ferran estreou na Fórmula Indy em 1995 e em seu primeiro ano na categoria, conquistou uma pole-position em Cleveland e venceu a etapa final de Laguna Seca, se tornando o melhor novato do ano.
No ano seguinte o brasileiro continuou com Jim Hall, na equipe que levava seu nome e fez a pole no GP de Long Beach e venceu em Cleveland, terminando o campeonato em sexto lugar. Durante a temporada, Gil teve a chance de retornar a Europa através de seu velho patrão Stewart, na equipe que seu pai Jackie havia formado na Fórmula 1. Gil recusou a oferta e decididamente sua carreira se concentrava única e exclusivamente na America do Norte.
Em 1997, Gil de Ferran não venceu nenhuma corrida, mas durante o ano todo foi protagonista do campeonato disputando a temporada até a penúltima etapa com o italiano Alex Zanardi. Gil tinha se transferido para a equipe Walker Racing, na qual lhe deu um carro competitivo para disputar as primeiras posições. Das dezessete etapas, Gil conquistou sete pódios e foi pole em duas, Long Beach e Detroit.
Nos anos de 1998 e 1999 a equipe Walker começou a deixar de ser competitiva, em 1998 Gil viveu seu pior ano na Fórmula Indy ao não vencer corridas e não conquistar resultados expressivos. No ano seguinte, Gil venceu o Grande Prêmio de Portland e conquistou as poles em Motegi no Japão e Toronto no Canadá.
A grande virada de Gil de Ferran veio ainda em 1999 quando o piloto assinou com a equipe Penske um contrato de três anos com Roger para ser piloto do carro Nº 2 da tradicional escuderia de Mooresville. O contrato de Gil foi assinado em agosto e no final do ano Gil chegava a Penske.
Em 2000, muito trabalho marcou o desenvolvimento do pacote técnico Reynard Honda Firestone. Pela primeira vez na sua carreira nos Estados Unidos, Gil estaria calçado de pneus Firestone, o mais competitivo da Indy. Gil de Ferran começou a temporada fazendo a pole-position em Miami e Long Beach. Mas a primeira vitoria veio apenas na quinta etapa em Nazareth, era a primeira vitória em um circuito oval na carreira de Gil.
Gil voltaria a vencer duas etapas depois em Portland e conquistaria mais três poles, em Mid-Ohio, Houston e Fontana, a última etapa do ano. Gil venceu o campeonato após cruzar a linha de chegada na terceira colocação na corrida de Fontana e realizava o sonho de se tornar campeão da Fórmula Indy (CART).
A temporada de 2001 marcava Gil de Ferran na história da categoria, já que Gil voltaria a disputar as 500 milhas de Indianápolis após seis anos longe do IMS. A equipe Penske inscreveu seus dois pilotos para disputar a corrida mais famosa do mundo valendo pelo campeonato da IRL. Gil conseguiria completar a corrida na segunda posição, um sonho para ele, já que em 1995 na sua primeira tentativa, Gil completou apenas uma volta após se envolver em um acidente na largada. Voltando para o campeonato da CART, Gil mais uma vez conquistou cinco poles na temporada em Toronto, Mid-Ohio, Lausitz, Houston e Laguna Seca, e duas vitórias, em Rockingham na Inglaterra e em Houston nos Estados Unidos. O título de Gil viria de forma mais tranqüila neste ano, na penúltima etapa do campeonato na Austrália.
Leal a Roger Penske, Gil de Ferran migrou junto com sua equipe da CART para a Indy Racing League no ano de 2002. Gil não demorou muito a se adaptar a temporada completa em circuitos ovais e ano novo carro, mas mesmo com toda sua experiência, não conseguiu o título, terminando o campeonato na terceira posição com duas vitórias, em Pikes Peak e Saint Louis, além de mais de mais quatro poles, Nazareth, Pikes Peak, Richmond e Saint Louis. Gil sofreu um grave acidente na última etapa do campeonato no Texas.
A vitória de Gil de Ferran nas 500 milhas de Indianápolis.A última temporada de Gil de Ferran na Indy, marcou o acidente mais grave de sua carreira, no oval de Phoenix, a segunda etapa do campeonato. Gil ficou de fora da etapa seguinte e já começava a fazer seus planos de aposentadoria após mais um acidente. Sua volta as pistas lhe trouxe a vitória mais desejada, as 500 milhas de Indianápolis em maio daquele ano. Gil ainda venceria em Nashville e a etapa final do Texas, mas não seriam suficiente para ser campeão do ano, Gil finalizou sua carreira na Indy com um vice campeonato.
Cinco anos depois, o piloto brasileiro voltaria a utilizar luvas e capacetes. Após retornar da Europa do cargo que ocupou na BAR F1, Gil montou sua própria equipe para disputar corridas na ALMS. Gil estreou em 2008 na classe LMP2 da ALMS a bordo de um Honda Acura ARX-01b. As vitórias não vieram e Gil de Ferran decidiu mudar para a série principal na ALMS (classe LMP1) com um Acura ARX-02ª. Gil de Ferran teve como companheiro de equipe nestes dois anos de competição o francês Simon Pagenaud. Os dois pilotos venceram cinco etapas neste ano, em Long Beach, Miller Motorsports, Lime Rock Park, Mid-Ohio e Laguna Seca, terminando o campeonato na segunda posição geral. Nesta despedida de Gil de Ferran, sua equipe, a deFerran Motorsports, decidiu fazer uma homenagem aos carros de Jim Hall, pintando a carenagem integralmente de branca com o número 66, numero no qual Gil correu pela primeira vez em 2001 nas 500 milhas de Indianápolis e adotou desde 2008 em sua volta as pistas.
Com a experiência de quase dois anos na equipe BAR F1 de dirigente esportivo e comandando a equipe na ALMS, Gil deixa as pistas, mas não o mundo do automobilismo. O piloto que nasceu em Paris, mas logo em seguida veio ao Brasil, anunciou no último mês de agosto que pretende ter uma equipe na ALMS e na Fórmula Indy ambas com dois carros. Um dos pilotos na categoria de monopostos pode ser o japonês Takuma Sato, já que ele tem fortes ligações com a Honda, e pode ser uma imposição na parceria de Ferran e Honda. Outra possibilidade, pode ser o francês Simon Pagenaud, já que Gil o conhece muito bem e o piloto já tem uma temporada de experiência na Champ Car, além de ter vencido a Fórmula Atlantic em 2006.
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4 comentários:
Um dos melhores pilotos que já vi. Pra mim o melhor piloto brasileiro pós-Senna. Sucesso como dono de equipe e que venha para a Indy e consiga competir com a Ganassi e Penske num futuro não muito distante.
O gil foi um pilotasso. Não quis entrar em uma equipe furada na F1 após a sua passagem na F 3000 (lembro-me que ele treinou na Arrows), mas com o apoio da Honda e do Jackie Stewart que conhecia o Jim Hall (aquele dos carros Chapahall) acabou no time deste último na Indy em 1995. Era um piloto muito agressivo no começo, parecido até com o Paul Tracy só que muito menos troglodita. Com o passar dos anos se tornou mais "Emerson" e passou a ser mais estratégico do que arrojado. Acabou bi-campeão da categoria e ganhador da Indy500 de 2003. Foi contratado como chefe de equipe da Honda em 2005 e 2006 e agora tinha a equipe na ALMS. Agora ele está prestes a se tornar o primeiro brasileiro dono de equipe da IndyCar (o Emerson em 2003 na CART estava a frente de um time com um carro roxo e piloto português, o Tiago Monteiro). Quem sabe esta equipe se tornaria brasileira,não só com pilotos brazucas mas também técnicos e mecânicos nacionais. Boa sorte ao Gil que além de ser um grande piloto sempre foi um cara muito simpático!!!
Bom, ele vai criar a De Ferran na IRL, mas não vai colocar nenhum brazuca na equipe. Bom, o Gil é também um excelente acertador de carros. Sempre trabalhou duro para transformar carros em competitivos de verdade, isso desde o tempo que corria na F-Ford Brasil.
Viva o Gil e que ele faça um bom trabalho na IRL.
Um dos melhores pilotos que já vi. Pra mim o melhor piloto brasileiro pós-Senna. Sucesso como dono de equipe e que venha para a Indy e consiga competir com a Ganassi e Penske num futuro não muito distante. [2]
Certamente....um dos grandes do automobilismo brasileiro e quiçá, mundial!
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