O final da curta história do Brasil com a Indy

Circuito de Jacarepaguá será destruído integralmente com a realização dos Jogos Olímpicos.

Como todos já sabem, nesta sexta feira o Rio de Janeiro foi escolhido como sede das Olimpíadas de 2016. Não sou a favor dos jogos no Brasil. Com exceção da trupe da Rede Globo que estava la em Copacabana nessa mesma tarde, quem mais daquele povão que pulava, festejava e jogava aquela bola enorme com os dizeres “É a vez do Rio” irá estar vendo estes jogos em ginásios, estádios e outras estruturas? Olimpíadas, Copa do Mundo, e até mesmo a Fórmula 1 não é para pobre, todos sabem disso. Claro que esse é apenas um dos fatores da minha posição contrária a este evento em nosso país. Os Estados Unidos, preocupados com a crise mundial que parece estar sendo curada, não estavam nem um pouco interessados nos Jogos, assim como o povo nipônico. Mas nós brasileiros precisamos deste evento, né? Temos que progredir como diz em nossa bandeira, mas para o progresso acontecer, primeiro deveria ter a ordem como na própria bandeira está escrito também. O Pan que foi um evento pequeno comparado aos Jogos Olímpicos, e teve seu orçamento final dez vezes mais que o previsto. Fico imaginando o rombo que não será essas Olimpíadas, serão sete anos de farra com o nosso dinheiro, o nosso suado salário mínimo. Sem falar claro nas mazelas que não só o Rio de Janeiro tem, mas como todo país. A Gripe suína, A, Influenza ou como quiserem chamarem foi uma amostra, pessoas morrendo por não terem se quer vacinas. Educação neste país para que? Se a prova que faz a mensuração da qualidade do ensino médio foi constatada fraudes? Tudo que será feito no Rio de Janeiro com relação a infra estrutura da cidade, deveria estar pronta já há anos com ou sem jogos.

Saindo do ponto de vista pessoal, vamos a questão que realmente me trouxe a escrever esta coluna. O Rio de Janeiro possui até os próximos dias um dos autódromos mais famosos do mundo, o Autódromo Internacional Nelson Piquet foi construído ainda na década de 70 quando a ditadura militar estava no poder desta nação e implantava a esportivização no país a todo custo. Em 1978 foi inaugurado e sediou corridas da principal categoria do automobilismo até o ano de 1989. Após seis anos sem grandes eventos, o Rio de Janeiro conquistou o direito de sediar o mundial de Motovelocidade 500 cc. Um ano depois, o sonho de se trazer a Fórmula Indy para o Brasil que se arrastava desde o inicio daquela década se concretiza. Infelizmente com o inicio da crise da CART e a mudança de prefeito do Rio de Janeiro na virada da década fez com que o Rio de Janeiro perdesse sua etapa da Fórmula Indy. Já são nove anos sem corridas da categoria em solo brasileiro. Há mais de dois meses o calendário da IndyCar diz que o Brasil terá sua prova, mas não se sabe onde e quem irá pagar por ela, a única coisa certa é que a data está cada vez mais perto, 14 de março esta mais perto do que nunca.

Esse mesmo autódromo do Rio de Janeiro que teve sua extinção decretada hoje começou a ser destruído poucos anos atrás. Quando começaram as obras para estes mesmo Jogos Pan-americanos superfaturados que frisamos no inicio deste texto. Uma das obras que fez com que parte do autódromo fosse mutilada foi a construção do Parque Aquático Maria Lenk, homenagem a primeira atleta mulher brasileira e sul-americana a participar de um edição dos jogos olímpicos, em 1932 em Los Angeles. Este mesmo complexo esportivo que foi uma das principais e mais cara obras do Pan está la encravado em meio ao autódromo e foi utilizado apenas uma vez neste ano para competições oficiais, ou seja, uma das mais modernas instalações de competição esportiva aquática, está lá semi-abandonada quando o assunto é jogos. Após o Pan, a Confederação Brasileira de Automobilismo fez algumas mudanças no traçado misto e oval, aproveitando ambas as pistas para fazer uma pista. Se não ficou das melhores maravilhas, ao menos tornou-se algo nostálgico e mágico pelo local. A história leva anos para ser construída, além da quantidade de anos de competições automobilísticas, o autódromo do Rio tinha qualidade nestas competições.

André Ribeiro venceu em 1996 a corrida inaugural da Indy no Brasil.

A Fórmula Indy desembarcou em 1996 no Rio de Janeiro. Logo de cara a festa não poderia ser maior, André Ribeiro conquistaria sua segunda vitória na categoria e começava assumir ali o papel de ídolo para os brasileiros, um ídolo que reverenciou seus ídolos neste dia 17 de março de 1996. E que ídolo carismático que foi André Ribeiro, mesmo correndo apenas quatro temporadas na Indy, o brasileiro era referência nas pistas.
Nos dois anos seguintes, duas vitórias canadenses no circuito oval do Rio de Janeiro. Paul Tracy venceu em 1997 enquanto que o inesquecível Greg Moore venceria um ano depois. O publico destes anos já não era o mesmo da primeira edição, mas as corridas ficavam cada vez melhores. Se tinha menos pessoas nas arquibancadas, tinha mais carros e mais patrocinadores envolvidos no evento, que era considerado um dos maiores da cidade maravilhosa junto com o Carnaval e o Réveillon.

Os últimos dois anos de Fórmula Indy no Brasil foram os latinos americanos que escreveram seu nome na história do oval que levava o nome do home de quem acreditava que o Rio de Janeiro poderia sediar uma corrida da categoria. Assim como hoje pela primeira vez as olimpíadas vem para a America do Sul, na década passada a CART marcaria sua primeira corrida em nosso continente, já que em 1971 houve na Argentina a realização da Indy sob comando da USAC. O colombiano Juan Pablo Montoya venceria a primeira edição da Rio 200 que deixava de ser Rio 400, e tinha oitenta quilômetros a menos de extensão a prova brasileira. Adrian Fernandez que foi companheiro de André Ribeiro na Tasman, se tornava o último piloto a vencer uma prova disputada no Brasil. O mexicano que não é bobo, conseguiu levar a corrida que o Brasil perdeu para o México em 2001.

Em todos os anos a corrida contava com patrocícnios nacionais.

Foram cinco anos de Fórmula Indy no Brasil, o atual contrato da IndyCar Series com os representantes brasileiros da Fórmula Indy no Brasil prevê três anos. Resta agora saber quando o leilão acaba, ou melhor, quando começa. Participar da festa todas as cidades querem, mas em tempos que o dinheiro está cada vez mais escasso, nenhum político quer deixar de investir na cidade para levar conquistar o direito de sedia a corrida brasileira da Indy pela bagatela de 40 milhões de reais.

Vista aérea do autódromo de Jacarepaguá.

Esse mesmo Rio de Janeiro que gastou para construir o autódromo quatro décadas atrás, que gastou para a realização da pista oval treze anos atrás, que quatro anos atrás gastou para destruir esta mesma pista, é uma destas cidades postulantes a sediar a corrida. Mas ao invés de ser no autódromo que é o lugar onde carros de corridas aceleram, preferem mostrar as belezas da cidade e realizar a corrida nas ruas do aterro do Flamengo, com coisa que o mundo não conhece as belezas do Rio.

Existe ainda a promessa do Prefeito da cidade maravilhosa, Eduardo Paes, de realizar a construção de um novo autódromo. O prefeito que adora ser simpático frente às câmeras de televisão, disse meses atrás que caso a Indy venha para o Brasil, a vista do GP de Mônaco de F1 ficaria no chinelo, e agora faz ameaças ao prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, com a possibilidade de trazer a Fórmula 1 a partir de 2014 para este autódromo que só existe na cabeça dele até o momento.

Portanto, quem teve a oportunidade de assistir uma corrida oval de Fórmula Indy no Brasil terá as lembranças eternizadas em suas mentes. Quem não pode ir até o Rio na década passada e ver as sensacionais disputas, terá de contentar em acreditar na realização da suposta corrida da Indy no Brasil do ano que vem em alguma praça urbana.

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Jackson Lincoln Lopes é graduando no último ano em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá e colabora com o site amigos da velocidade escrevendo notícias relacionadas a Fórmula Indy, além de ser editor do Blog da Indy e possuir um acervo com mais de quinhentas corridas da Indy desde 1979 em sua coleção.

Email para contato: jacksonlincoln@uol.com.br

8 comentários:

Anônimo disse...

Olá, acompanho diariamente seu blog, e aproveito para lhe parabenizar pelo belo trabalho que vc está realizando.
Minha dúvida é em relação a pista onde a Indy virá o ano que vem, gostaria de saber porque Interlagos não poderia receber a Indy, já que recebe a F1 não haveria nenhum problema.
Abraço.

Leonardo Mendes disse...

Vou falar em partes...
1- Lembram quando eu falava dos políticos do Rio com relação a prova da Formula Indy ???
Taí a prova, o Brasil inteiro agora preocupado com os dirigentes que irão cuidar das Olimpíadas-2016 e a quase certeza de superfaturamento...Não preciso falar mais nada né, ta aí a resposta a quem me criticava !

2- Lembra que eu falava que era contra o evento da Indy no Rio não pela cidade em si mas por quem comanda? Olimpíadas-2016 são uma realidade disso e o Pan-2007 foi uma realidade disso !!

3- Convoco a todo o povo da nação a se mobilizar e fiscalizar esses gastos, cobrando retorno a sociedade (como fazem os outros países)pra evitar o que tem tudo pra ser a maior roubalheira da história da humanidade (isso sem se somar à Copa do Mundo) !!!!!!

4- Povo do Rio, cobrem do prefeito ou do governador a construção de um novo autódromo como prometeram, façam valer seu poder de cidadão !!

5- Só pra deixar bem claro, povo do Brasil, fiscalizem o prazo da obra, porque se atrasar, haverá licitação as pressas, e é aí que entra o desvio, o superfaturamento e o ROUBO, falando no português claro; vamos evitar isso, o povo pode impedir que isso ocorra !!!

6- O mesmo vale para o automobilismo, vamos nos mexer, ou temos todos sangue de barata???

Natanael disse...

Adeus a Jacarépaguá e ficará a saudade de quem viu pela TV provas da F1, inclusive o pódio de Maurício Gugelmin, seu único na F1 em 1989 e assistiua as provas da Indy e a vitória inesquecível de André Ribeiro, afinal um piloto brasileiro não vencia uma prova de categoria top em nosso país desde 1993 e vivíamos ainda o saudosismo de Senna.

Wesley Baratela disse...

cara, perfeito seu comentário sobre ser contra as olimpíadas no Brasil. É o meu ponto de vista tb e falava isso no serviço ontem quando teve gente que chegou até a levar tv portátil pra acompanhar o resultado.

Se o Brasil não fosse o país da corrupção até valeria a pena mas a gente sabe onde isso chegará.

parabéns, mais uma vez!
abraço

Anônimo disse...

O grande azar do autodromo de Jacarepagua é que na epoca em que foi construido, ficava no meio do nada ! Só matagal, nenhuma estrutura.

Ao longo dos anos, o local cresceu absurdamente, dezenas de condominios, escritorios, shoppings... e aí o autodromo fico encravado no meio da cidade, à beira da lagoa de Jacarépagua e asism pasosu a ser muito cobiçado por usa localização. A especulação imobiliaria cresceu logo os olhos naquela área gigantesca. Pensando nisso, o prefeito Cesar MAIA FOI LÁ E CONSTRUIU A ARENA MULTIUSO EM CIMA DA CURVA, ISSO MESMO!

Aquela área hoje é muito valorizada e estrategiamente, de enorme importancia por cauas das olimpiadas 2016. E não deu outra....

Outro equipamento que fica ali do lado e foi morto td, era a Cidade do Rock, que abrigou os antologicos Rock In Rio 1 e 3 !!

Hj esta degrada com predios sendo consturidos dentro e pare de instalaçoes das olimpáidas se darão ali.

Uma pena uma praça esportiva de tal importancia se destruida. Só nao fico mais triste pq sei que essa Olimpiadas 2016 é a ultima chance do RJ se regenerar e voltar aos tempos aures.

Da cidade voltar a se modernizar e reorganizar.

O aporte de capitais será monstruoso e será a salvação da cidade, como foi em Barcelona.

Fabio Henrique disse...

Esse é o nosso país de terceiro mundo, que não apoia o esporte mas quer vender imagem de potência olímpica para os países de primeiro mundo..

Patrocínio no país 90% é lavagem de dinheiro, temos uma estatal petrolífera (Petrobrás) que é a estatal que MENOS faz pelo seu país de origem se comparada com as estatais de outros países, mas queremos pagar de potência mesmo assim..

Iron disse...

A Formula Indy está numa situação muito difícil... Politicamente ele precisam resolver se são uma categoria americana bairrista, feito a NASCAR, ou um evento internacional envolvendo vários competidores e empresas de vários países. Eu tenho uma sugestão para o pessoal da Indy - lá vai - Seria fazer uma corrida junto com a F Truck que também tem pouca mídia no país (afinal concorre com a Stock Cacár Bueno)mas que organiza muito bem seus eventos. Nas corridas dos caminhões há presença de pelo menos 50 a 60 mil pessoas, muitas empresas patrocinadores e muito envolvimento das equipes e pilotos. O Aurélio Batista Félix chegava a consertar parte das pistas com trabalhadores e máquinas de suas empresas. Eu acho que é por aí. O que vocês acham? Um abraço!!!

Anônimo disse...

Olá Jackson e galera,
Um grupo de pilotos e fãs de automobilismo do Rio deu início a um abaixo assindo no último fim de semana em Jacarepaguá em defesa do Autódromo. Apenas na área dos boxes foram colhidas + de 200 assinaturas. Rapidamente nos organizamos e colocamos também na Net e estamos fazendo um blog. Se vocês compartilham da mesma opinião poderão assiná-lo e ajudar a divulgá-lo em: http://www.PetitionOnline.com/jacare/petition.html ou para mais detalhes ler
http://autodromodejacarepagua.wordpress.com
Abçs

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