Fórmula Indy em São Paulo: Excelente notícia!

Olá amigos do Blog da Indy. É com imenso prazer que escrevo esta coluna aonde irei compartilhar com vocês as minhas sensações à respeito da melhor notícia automobilística de 2009: A realização da primeira etapa do campeonato de 2010 da Fórmula Indy em São Paulo!

Depois de tantas desilusões e falsas expectativas criadas por algumas das cidades concorrentes, finalmente podemos respirar aliviados e termos a certeza de que o Brasil voltará a receber esta categoria que tanto nos fascina. E no fim das contas venceu a cidade que menos expectativas gerou sobre as chances de receber a IRL.


Confesso que eu mesmo já estava bem cético sobre este assunto. Não acreditava mais em nada do que lia por ai, já estava farto do stress causado pela “vitória certa” anunciada por Ribeirão Preto que na hora do vamos ver acabou jogando a toalha da maneira mais tola possível. Também não fiquei surpreso quando começaram as conversas sobre o “sumiço” do prefeito do Rio de Janeiro quando procurado pela organização da IndyCar para fechar os detalhes da corrida. Mas eis que agora quando o assunto já estava quase esquecido, somos surpreendidos com tão boa notícia! Espero que não seja mais uma ilusão, acredito que desta vez a coisa é séria.

Montoya no seu Williams FW25 en apresentação no Sambódromo em 2003.

Por causa do concreto liso não foi possível desenvolver velocidade para refrigerar o motor e o carro acabou fervendo.

Gostaria de conversar com vocês a respeito dos possíveis lugares onde foram anunciados possíveis traçados para receber os Dallara Honda da Indy. O Sambódromo do Anhembi é o lugar aonde os boatos sugerem que exista maior chance da montagem de um traçado. Pessoalmente eu posso lhes oferecer uma opinião fundamentada em acontecimentos concretos sobre o comportamento de um monoposto de categoria top na reta do Sambódromo.

Em 2003 tive a oportunidade de presenciar um evento organizado pela Petrobrás aonde Juan Pablo Montoya andou no local com a sua Williams-BMW FW25. Era uma manhã de domingo, a temporada de F1 já havia acabado e o evento tinha entradas gratuitas. Depois das apresentações dos carros da Stock Car, um Fórmula Truck e um Honda Civic da TC2000, eis que surge o grande momento do dia, quando todos ficam em silêncio diante do estrondoso urro do motor BMW V10 que aparece rasgando a reta do sambódromo de maneira espetacular. Lembro detalhadamente de como a traseira da Williams derrapava no piso de concreto liso do Sambódromo. Era possível ver Montoya fazendo as correções no volante, lutando para segurar o carro na superfície escorregadia. Chegando no fim da reta, Montoya dá um cavalo de pau para conseguir voltar a estar diante das arquibancas, mas de repente o seu motor morre e acaba ali os poucos segundos de emoção de presenciar aquela fantástica máquina em ação.

Aconteceu que por causa do piso liso, Montoya não conseguiu desenvolver a velocidade necessária para a refrigeração do motor da Williams e dessa maneira o motor acabou fervendo.

Penso que é possível a montagem de um traçado na área do Sambódromo do Anhembi. Acredito que seria necessário fazer algumas modificações no piso do local e certamente o resto do circuito utilizaria o espaço dos estacionamentos e também das avenidas que ficam ao redor do local. Acho seria muito travado um traçado usando apenas a reta e o estacionamento do local, mas com algum trabalho pode ser feito um circuito melhor do que muitas coisas que já vimos na Indy/CART. Outra vantagem é que ao lado do Sambódromo existe uma enorme unidade do famoso hotel Hollyday Inn, que certamente seria uma enorme facilidade para os pilotos, membros das equipes e jornalistas. O aeroporto do Campo de Marte fica em frente ao local e com certeza facilitaria muito o transporte de todo o pessoal.

E justamente o Campo de Marte é um dos locais também cotados para a montagem do traçado. Com certeza seria uma das mais econômicas das quatro opções apresentadas. A Fórmula Indy já realiza corridas em aeroportos desde o ano de 1982, quando a fantástica pista de Cleveland, localizada no Aeroporto Burke Lake Front recebeu carros da Chaparral, Penske, Eagle e March no seu piso de concreto. Outra vantagem é que recentemente o Campo de Marte passou a receber apenas pousos e decolagens de helicópteros e aviões de pequeno porte, isso já seria um transtorno a menos para os usuários destes transportes. Certamente uma corrida no tão conhecido aeroporto paulistano seria um evento único.

A outra opção seria o Parque do Ibirapuera, local extremamente querido pelos moradores de São Paulo. Ainda não sabemos se o possível traçado seria dentro do parque ou nos seus arredores. A pista interna do Parque possuí três quilômetros de extensão e possui um grande declive conhecido como “Ladeira da Preguiça”. Pessoalmente o destino me faz cair em gargalhadas quando penso na possibilidade de uma corrida ser realizada no Ibirapuera. Desde quando era uma criança, quando meus pais me levavam para passear no local, até o dia em que o lugar passou a ser meu ponto diário de exercícios físicos, sempre reparava em como a “Ladeira da Preguiça” lembra o famoso “Saca-Rolhas” de Laguna Seca. Era uma grande diversão quando por volta dos meus 13, 14 anos, pegava uma bicilcleta e descia o trecho a toda velocidade, me imaginando a bordo de um Reynard Honda ou uma Lola Cosworth

O Red Bull RB2 de Michael Ammermuller na demonstração que começou em frente a Galeria Prestes Maia no centro e terminou em frente ao Pq do Ibirapuera em 2006.

Penso que um circuito montado nos arredores do Parque seria a opção mais viável. Acredito que é muito difícil montar algo na pista interna do “Ibira”. Em primeiro lugar porque seria necessário desmatar uma grande quantidade de árvores, não só para alargar certos trechos da pista mas também para receber todas as máquinas necessárias para a reforma do asfalto e as arquibancadas. Nada justificaria derrubar árvores em um local tão único aonde o verde é respeitado como deve ser. Em segundo lugar, seria um traçado extremamente perigoso, pois os guard-rails ficariam rentes à pista quase o tempo todo.

Já os arredores do Ibirapuera possuem excelente geografia e tamanho para receberem um traçado. Basta lembrar que no ano passado foi montado um micro circuito provisório para uma apresentação aonde Nelsinho Piquet andou com seu Renault F1 diante de nada menos do que 100 mil pessoas admiradoras da velocidade. Não podemos esquecer também de 2006, quando um carro da Red Bull pilotado pelo até então piloto de testes da equipe, o alemão Michael Ammermuller, saiu de frente da Galeria Prestes Maia no Centro de São Paulo e rasgou a Avenida 23 de Maio até chegar em frente o Parque do Ibirapuera. Pessoalmente ficaria muito emocionado de ver uma corrida da Fórmula Indy em um local que considero como parte de minha vida. Se não me contive de emoção nas duas vezes em que um carro de Fórmula 1 passou por ali, não sei como reagiria a felicidade de presenciar uma corrida da Fórmula Indy naquele lugar.

Por fim, o nosso lendário Autódromo de Interlagos também pode ser um dos locais a receberem a prova. Sabemos que o maior obstáculo para que isso aconteça é justamente o crivo do Sr Bernie Ecclestone. A Fórmula Indy já traçou planos para realizar uma corrida no autódromo paulistano. Existiam boatos de que em 1984 poderia ser realizada uma prova da CART no anel externo que fazia parte do antigo traçado de Interlagos. Inclusive sabemos que a até hoje tão criticada mutilação do antigo traçado de Interlagos com os seus saudosos 7.873 km, é fruto de vários interesses de Bernie, entre eles o de evitar com que a Indy corresse por lá. Isto aconteceu devido ao grande crescimento da categoria no começo dos anos 90.

Mas os tempos são outros. O circuito Gilles Villeneuve em Montreal, Canadá, por muito tempo recebeu as corridas da Fórmula 1 e da CART no mesmo traçado. Pode ser que Interlagos receber a IRL gere certa hostilidade por parte de Mr Ecclestone, mas não acredito que isto ameaçará o GP Brasil de F1 ou algo assim. A verdade é que pagando a grana que o baixinho pede, pode fazer o que quiser que você ainda terá a corrida.

Nelsinho fazendo demonstração com seu Renault F1 em frente ao Parque do Ibirapuera no ano passado.

Para nós, amantes do automobilismo, seria muito interessante ver os carros da IRL andando no mesmo traçado dos F1s. Para efeito de comparação seria algo espetacular. Talvez o Bernie até gostaria que a Indy corresse em Interlagos para depois ele poder comparar os tempos de volta e enaltecer ainda mais a tecnologia e velocidade superiores dos carros da Fórmula 1. Seria curioso também ver os pit stops sendo realizados em frente aos grandes boxes de alvenaria de Interlagos, já que estamos acostumados a ver os carros parando em frente de muretas com tendas atrás.

Vamos continuar acompanhando todas as novidades sobre a Fórmula Indy em São Paulo, não deixem de continuar visitando o blog! Espero que os preços para poder assistir à corrida da Indy sejam bem mais em conta do que os que são cobrados para ver a Fórmula 1!

*Só mais uma curiosidade: Quem esteve em São Paulo nos arredores da Avenida Paulista na semana passada, teve a oportunidade de ver nada menos do que a Lola Cosworth Newman-Haas de 1989 do Mario Andretti. O impressionante carro estava exposto no saguão do prédio do SENAI, promovendo um evento da Apex. Temos a informação de que o carro seja propriedade de Sid Mosca, o famoso pintor de capacetes. Que mistério! Como será que o Sid ganhou este carro? Das mãos do próprio Mario Andretti??

4 comentários:

Iron disse...

Não concordo com a tese de que o Bernie Eccleglobo vai deixar passar batido essa... Na verdade ele é contra a internacionalização da Indy e sempre combateu o crescimento de uma possível categoria que viria a fazer frente com a F1 . Pode ser que, diante da fragilidade atual da categoria , ele resolva ver o que está acontecendo de longe e não interferir. O problema é se o evento for um grande sucesso e posteriormente voltar a fortalecer a categoria aí ele pode mexer os pauzinhos igual fez com a CART em 1995 junto com o Tony George. Agora, eu penso que os dirigentes da Indy não são burros e sabem aonde estão pisando. Certamente, estão cercados de muitas garantias e o GP Brasil pode ser um grande passo para a volta dos monopostos americanos como grande categoria internacional.

Iron disse...

Eu tenho uma proposta muito maluca... Acredito que a Indy deixaria de encher o saco do nosso Tio Bernie e da FIA na medida em que ela se enquadre em um novo contexto mais favorável a F1. A Indy não priorizaria (como nunca priorizou) os esforços tecnológicos que tanto fazem a fama da F1 como "categoria máxima". Os carros da Indy correm em ovais (atingem velocidades maiores que os F1, é certo), mas nos circuitos mistos é perceptível que eles apanham até da GP2. Me lembro do ano de 2002 quando a CART correu em Montreal no mesmo ano da F1 pela primeira vez. O Cristiano da Matta foi o pole-position e o tempo dele foi 6 segundos mais lento que o pole da F1 naquela temporada. Estou descrevendo exatamente o ano de 2006 em razão dos carros da Champ Car, naquele ano, usarem motores de quase mil cavalos (com limitador), pneu slick (que na F1 não se usava), além do efeito solo e asas maiores que aumentam a velocidade nas curvas. Na verdade eu acho que existe uma grande paranóia em torno da discussão política Indy x F1. As duas categorias deveriam andar juntas e até que o Tio Bernie, na minha opinião, deveria investir nas duas. Por mais que as artimanhas de tentar acabar com a Indy provocaram a divisão da categoria em 1995, o nome Indianápolis jamais será decadente no contexto do automobilismo mundial. Então o Tio Bernie deveria dar uma forcinha ($$$) para os Indy e ganhar dinheiro com as duas.

Iron disse...

correção - no trecho (Estou descrevendo exatamente o ano de 2006...) queria dizer 2002. Um abraço!!!!

Pezzolo disse...

belo texto! só informando o lola do sid mosca é uma réplica, vimos ele quando fizemos o evento dos capacetes pela petrobras...

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