Porque eu apoio o Grande Prêmio do Brasil em São Paulo

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Caros amigos da Indy, iniciamos o ano de 2010 com novidades e algumas informações a respeito do Grande Prêmio do Brasil em São Paulo (ou SP INDY 300 - confesso que gostei desse nome!) que tornam ainda mais concreta a realização de uma corrida de nossa categoria em terras brasileiras. Como sabemos bem, a escolha da cidade de São Paulo como local do GP Brasil pegou muito gente de surpresa (eu, inclusive), gerando diversas opiniões distintas sobre esse acontecimento. Me coloco no grupo daqueles que apóiam totalmente esse evento e aproveito a coluna inaugural desse ano para tocar nesse assunto.



O principal fator que entendo como positivo é a questão da posição de São Paulo como cidade “central” do país nos quesitos mídia e finanças. Os principais canais de imprensa são sediados (ou tem grande representação) aqui, tornando São Paulo a fonte para as demais sedes dos jornais, revistas, televisões e etc. Ou seja, a repercussão de qualquer acontecimento daqui para fora é maior do que em qualquer outro lugar do país. Aliado a isso está a questão financeira, pois as principais empresas nacionais e estrangeiras também possuem suas sedes em São Paulo, onde estão os camaradas que decidem para onde vai a grana. Trocando em miúdos: algo que facilita (e muito) a obtenção de patrocínios para algo. Enfim, juntando esse dois itens forja-se um base sólida para a realização de um evento.



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Outro componente importante é o desenvolvimento de São Paulo como uma cidade de grandes eventos, algo que ganhou força nas últimas décadas. Ao lado do GP Brasil de F1 (o evento mais lucrativo para a cidade já há algum tempo), outros eventos de grande porte atingem facilmente um público na casa dos milhares e até milhões de pessoas, e por ai já fica fácil imaginar o impacto causado por essa multidão de gente. A Marcha para Jesus (evento evangélico), a Parada Gay, a Festa do Feriado de 1° de Maio dos principais Sindicatos e o Réveillon na Avenida Paulista formam um conjunto de comemorações/festas que formam esse caráter de “cidade dos eventos”, atraindo turistas (e tudo envolvido nesse ponto, de hotelaria até transportes) e até certo ponto “educando” o morador da cidade para acontecimentos desse porte. Ou seja, é uma cidade acostumada e minimamente estruturada para o acolhimento de eventos tão grande ou maiores como uma corrida da Indy.



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Também conta muito a favor a questão da oportunidade em receber a corrida. Como sabemos, desde o início de 2009 (ou até antes) fala-se em uma prova aqui em nosso país, e logo Ribeirão Preto despontou como favorita. Em seguida foi a vez do Rio de Janeiro “garantir” a realização da corrida, com o prefeito Eduardo Paes atropelando tudo via Twitter. Já com o anúncio oficial da categoria confirmando a realização do GP Brasil em alguma cidade (ainda não escolhida na época), ouvíamos pouco ou quase nada de São Paulo como sede da prova. E ai entra o senso de oportunidade do prefeito Gilberto Kassab e da equipe envolvida: havia uma chance enorme de trazer para São Paulo um grande evento mundial, cuja organização queria o Brasil. Então foi visto que a cidade, já consagrada como sede de grandes eventos (e de eventos grandes), poderia receber uma corrida de Fórmula Indy e isso seria bom para as duas partes. Ai está um caso claro de senso de oportunidade e não de vontade política, como parecia ser a força maior de Ribeirão Preto e Rio de Janeiro. Nessa jogada a Indy sentiu a segurança institucional que faltou a essas cidades para confirmar de vez o GP Brasil em Sampa.



A questão de aproveitar a oportunidade remete ao comprometimento de São Paulo para com a corrida. Já ouvi falar em contrato de 3 e até 5 anos de duração, e acho isso ótimo. A prova deve estar vinculada a cidade e fazer bem a ela, não ao político que a trouxe. O GP de F1 foi também um caso parecido em 1989, com a então prefeita Luiza Erundina bancando a corrida que mais tarde mostrou-se extremamente lucrativa para a cidade. E depois dela diversos outros prefeitos passaram pelo cargo sem nem titubear a respeito: a F1 é um bem de São Paulo e não se fala mais nisso. Garantindo um contrato de médio prazo, o atual prefeito dá garantias a Indy: não será uma aventura de um ou dois anos nem aquela loucura dos anos finais da Rio 200, com o então prefeito Cesar Maia constrangendo a Cart e não cumprindo o prometido. O contrato de médio prazo demonstra a disposição em tornar esse evento lucrativo para a cidade, afinal (como qualquer investimento) não será em 2010 nem em 2011 que a Indy trará dinheiro para São Paulo. Cabe a Prefeitura tornar a corrida viável financeiramente para alcançarmos o nível de outras cidades (sim, você pensou certo: Long Beach) e assim garantir o interesse da iniciativa privada. Instrumentos para isso não faltam: quantas milhares de pessoas não ficariam interessadas se um carro da categoria ficasse estacionado em algum ponto da Avenida Paulista, por exemplo (como bem lembrou nosso colega Fabio Henrique em sua mais recente coluna)?




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Além disso, é bom saber que a organização está em boas mãos, com a empresa do Geraldo Rodrigues tocando o projeto. Ele sempre esteve próximo a categoria e tem a visão tanto do público da categoria como da instituição Fórmula Indy. A sacada de colocar a prova e o treino no domingo (eliminando o suposto problema de trânsito) já demonstra isso.



Sobre a escolha da pista de rua e o local, entendo que está adequado. Interlagos não só clamaria por reformas profundas como muito provavelmente causaria uma desnecessária crise política com a F1, algo que seria ruim para a Indy e para a cidade de São Paulo. O traçado de rua é sempre o meu preferido, por unir proximidade geográfica com vínculo categoria-público, e o local escolhido é bom. Primeiro por estar muito bem localizado, ao lado de grande vias, próximo ao centro da cidade, ao aeroporto internacional de Guarulhos e pertinho de estações de Metrô e de uma rodoviária (ou seja, fácil para todos os envolvidos, de pilotos a espectadores). E segundo por minimizar o suposto problema do trânsito, afinal a maior parte do traçado não passará por ruas propriamente ditas, e sim por dentro do complexo do Anhembi (Sambódromo e espaço de convenções). Já em relação ao lugar ser “feio”, a corrida não precisa ser em um lugar “bonito”. Quem conhece São Paulo sabe que aqui não existe um lugar “bonito” – sou daqui e tenho certeza que meus conterrâneos pensam o mesmo. A realização de uma corrida de rua não deve se pautar pela beleza do lugar, e sim no quanto de benefícios a mesma trará – e se falando de um circuito de rua, com os carros passando a poucos metros dos espectadores, não tem igual. E outra: apaguem da memória a corrida da Stock Car em Salvador. Os desenho do traçado foi (e é) de responsabilidade da área técnica da Indy, garantindo um mínimo de qualidade para o mesmo.



Por fim, entendo que a primeira corrida de Fórmula Indy em São Paulo terá sim, muitos problemas: pouco tempo de divulgação, proximidade com o Carnaval, tudo começando do zero e etc. Entretanto, os benefícios para a cidade e para a categoria serão inestimáveis. A escolha de São Paulo, o comprometimento da Prefeitura e a concepção do projeto dão sinais claros: vem um grande evento pela frente. Que seja assim e fica meu convite a todos os amigos da Indy para um choppinho em março de 2010 ouvindo o ronco dos motores de nossa categoria aqui em São Paulo!



Leandro Coelho tem 26 anos e é natural de São Paulo/SP, onde reside atualmente. Apaixonado pelo automobilismo norte-americano desde o início da década de 90, manteve entre 2000 e 2002 o extinto site INDYBRASIL, uma das páginas brasileiras pioneiras na cobertura exclusiva da então CART. Também já colaborou para os sites SuperLicença, BMS/Brazilian Motor Sport, Truck Racing Online, Stock Car Brasil, entre outros. É formado em Administração de Empresas pela Universidade Mackenzie e adora política e economia, além de ser torcedor do Santos Futebol Clube e fã de músicas dos anos 80.

Email para contato: leandro_fsc@yahoo.com.br


8 comentários:

RESENHA DA CIDADE disse...

É com enorme pesar querecebemos a notícai que a corrida de Fórmula Indy em São Paulo será no Anhembi.
Lembramos que essa região, principalmente durante o mês de março, sofre com inundações que aterrorizam até o paulistano acostumado com a rotina dessa cidade, imagine os turistas...
Considermaos que a melhor opção seria a utilização das ruas do entorno do autódromo de Interlagos, o que tornaria o evento bem mais barato coma utilização dos boxes já existentes...

Isso sem contar com a infra-estrutura e tradição logística que a região de interlagos possui.

Uma outra grande possibilidade seria a corrida no anel externo de Interlagos, opção mais barata de todas.

Infelizmente os organizadores optaram por mostrar ao mundo o grande esgoto que é o rio Tietê.


Espero que os responsáveis assumam a responsabilidade caso a chuva leva ao mundo a imagem da cidade de São Paulo como a cidade das enchentes...

Marcelo (1 Carioca em SP) disse...

Concordo que o bom senso indicaria a corrida para Interlagos, mas isto é inviável no ponto de vista prático e para o prazo disponível.
1. Bernie Ecclestone tem por contrato o direito de vetar competições que não sejam abençoadas pela FIA (como não seria no caso da Indy) em circuitos onde a F1 corre. Só isto já obrigaria a Prefeitura a abrir negociações com ele que poderiam acabar causando demora e desnecessário desgaste.
2. Interlagos, hoje, NÃO possui o anel externo citado no cometário acima. Para reativar a parte antiga do circuito seriam necessárias obras certamente longas e caras para "ressuscitar" o antigo traçado (parte dele está lá ainda, por trás do "S" e paralelo à reta oposta - onde é montado o setor G na F1, mas sem condições de uso para os atuais parâmetros de segurança).
Eu creio que, apesar da falta de tempo, a alternativa sugerida pela prefeitura e pelos organizadores tem fundamento. Principalmente pelo teórico baixo impacto no já péssimo trânsito da cidade, uma vez que a única via pública a ser utilizada será a pista lateral da Marginal Tietê que já se encontrava em obras nos últimos meses.
Se esportivamente esta pista será boa?? Não sei. Só saberemos vendo acontecer.
E este primeiro ano será a base para melhorias e ajustes nos demais anos.
Prefiro assistir e esperar. Não critico antes de ver o resultado.

Anônimo disse...

Parabéns pelo artigo, Leandro. Muito bem escrito.

Gilberto disse...

Mas não seria possível para mais adiante refazer o anel externo de interlagos?

Demétrio disse...

As supostas razões para não fazer a corrida em Interlagos não convencem a ninguém que utilize um mínimo de bom senso. Basta perguntar aos pilotos e ao público, há um consenso de que lá é o melhor lugar. Já os cartolas aparecem com motívos esdrúxulos, como os mencionados no texto, só para estragar um espetáculo que poderia ser muito bonito. Quanto ao artido, não entendi que reformas "profundas" são essas que seriam necessárias? Se o circuito atende à F1, achava que qualquer categoria poderia rodar lá sem problemas!!

Quanto à suposta "crise política" é uma coisa que usam quando não tem outra desculpa, ninguem sabe direito o que é isso. Será que é a Rede Globo que está com ciumes??

Lembrando que em Montreal já houve corrida da Champ Car e da F1 no mesmo ano. Quanto aos boxes quem, assistiu a corrida da Nascar em Montreal ano passado, onde eram mais de 40 carros, viu que dá para fazer no mesmo pit da F1 sem problemas.

abs,

Wellington Lucas disse...

Para completar tudo, a BAND tinha que usar o tema da Indy. Ia ser nota 10.

Iron disse...

O Chico Rosa, administrador do circuito de Interlagos, diz que não há como reformar o anel externo de Interlagos para a Indy por razões de segurança. É que os carros, na velocidade que alcançam, podem se chocar violentamente no muro - como nos circuitos com aquela configuração nos EUA - mas com a agravante de baterem de forma perpendicular, ou seja, não continuariam o movimento na mesma direção da pista, não reduzindo o impacto sobre os pilotos no caso de acidentes. Concordo que poderiam usar a pista mista do autódromo, como na F1, mas haveria um problema: com aqueles dallarinhas-sucata eles tomariam um pau da F1 na comparação dos tempos. Um abraço!

Caio Zampoli disse...

primeiramente, quando ouvi falar que havia um plano para uma corrida no anhembi fiquei surpreso. Aonde? no sambodromo? Pára! Depois ouvi o proprio prefeito comentar que caso o Anhembi não fosse viável pensariam no parque do Carmo.. (esse ultimo, sem comentarios). Na minha opinião, aceitar abrir a temporada da Indy este ano no Anhembi foi uma verdadeira loucura. Não havia tempo hábil para se construir uma pista de corrida com qualidade naquele local, a toque de caixa. Bem, a tal pista apareceu. Ao meu modo, tenho vergonha. A região está com a aparencia HORRIVEL para abrigar um evento deste porte. Obras na marginal para alargamento de pistas, predios do Anhembi feios e mal cuidados, instalações de terceiro mundo e tudo feito "nas coxas". asfasto pessimo, com muitas ondulações traduzem o que é nossa cidade. E ainda a Band, que gosta criticar tudo que acontece, hoje encuberta e aceita a forma que foi feito em beneficio proprio; afinal ela tem o direito de transmissão. Não adianta mentir e falar que está tudo lindo e maravilhoso. Não está! Está tudo muito feito na correria, sem o devido acabamento nas obras e sem melhorias no visual. O bom (ou ruim) é que nossa cidade será divulgada lá fora de forma real, sem maquiagem; e isso me envergonha muito. É lastimavel...

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