Traçado veloz e muitas ultrapassagens vão garantir o show, diz projetista.

Responsável pelo circuito paulistano, Tony Cotman é especialista no design de pistas de competição.

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Tony Cotman é a mente por trás dos 4.180 metros do circuito que receberá, nos dias 13 e 14 de março, a etapa de abertura do Campeonato Mundial da Fórmula Indy, o IZOD IndyCar Series. A temporada 2010 da categoria terá transmissão ao vivo pela Band (TV aberta) e Bandsports (por assinatura). O traçado em construção nas ruas de São Paulo fica na Zona Norte da capital paulista, passando por um novo trecho da Marginal Tietê, por dentro do Sambódromo do Anhembi, e pelas ruas Olavo Fontoura e Massinet Sorcinelli.

Cotman é o fundador da empresa NZR Consulting, especializada em design de circuitos, segurança e gerenciamento, e trabalha como consultor da Fórmula Indy, além de desempenhar a função de comissário nos finais de semana de corrida. Nascido em Auckland, o neozelandês de 42 anos participou de todo tipo de projeto envolvendo circuitos urbanos na categoria - Long Beach, Las Vegas, San Jose, Edmonton e Toronto são exemplos de seu trabalho. Vivendo nos Estados Unidos, Tony tem se revezado entre viagens a São Paulo e sua casa, na cidade de Carmel, no estado de Indiana.

Cotman explicou que antes da definição pela região do Anhembi, na Zona Norte da capital, havia outras opções para o estabelecimento do traçado. "Olhei seis ou sete locações diferentes. São Paulo tem um tráfego maior do que em muitos lugares do mundo, então este é um fator preponderante. E construir uma pista em um período de tempo relativamente curto exige o mínimo de perturbação para a cidade. O Anhembi tem uma ótima infraestrutura já montada, bem estabelecida e totalmente assimilada pela rotina diária da cidade, pois engloba um complexo que conta com o Sambódromo. Este local é especial, pois já oferece arquibancadas para milhares de pessoas, então isso foi fundamental na decisão", disse, apontando que as acomodações já existentes no local atendem a 30 mil pessoas. Um complexo extra de arquibancadas será montado pelos organizadores.

"Um circuito especial" - Cotman fez 12 viagens ao Brasil e realizou visitas técnicas em outras cidades, como as paulistas Campinas e Ribeirão Preto, Rio de Janeiro (RJ) e Salvador, na Bahia. Só a São Paulo o projetista veio em seis oportunidades - e deverá voltar nesta semana para continuar a supervisão dos trabalhos. Sua equipe de consultores, inclusive, já está baseada na cidade, e permanecerá na capital paulista até a corrida. Um dos destaques que mais lhe agradaram no traçado paulistano são os pontos de ultrapassagem. "É o que o espectador quer ver. É o fator mais importante no qual pensamos ao desenhar uma pista - se ela vai proporcionar um bom espetáculo - e acredito que isso acontecerá em São Paulo. É um circuito especial, que dará uma grande oportunidade para a Fórmula Indy mostrar com seus pilotos um bom show e também para que o mundo todo conheça um pouco mais desta cidade enorme, surpreendente e batalhadora, que é São Paulo", afirmou.

A prefeitura iniciou os trabalhos no ano passado e o projetista acredita que a instalação completa da pista deverá levar cerca de quatro semanas. "Trabalharemos também durante o Carnaval - mas sem atrapalhar os desfiles, claro - e mesmo com o show acontecendo no mesmo local da corrida", apontou.

Segundo o engenheiro, a pista brasileira reúne características únicas. Mas, de uma forma geral, na opinião de Cotman o traçado lembra o circuito urbano de Surfers’ Paradise, na Austrália. "Surfers’ é uma pista rápida, com ótimos pontos de ultrapassagem e sempre com corridas emocionantes para o público", explicou. "O diferencial de São Paulo está em passar no meio do Sambódromo, algo que acho que marcará a memória de todos os que acompanham a categoria pelo mundo. É um local que envolve uma atmosfera que não há em nenhum outro lugar, e isso é muito especial, é algo que dará à prova um aspecto legitimamente brasileiro", completou o projetista, que disse ser mais difícil trabalhar na concepção de um circuito urbano, em comparação a um autódromo. "São de longe os mais complicados, porque há muitos obstáculos a serem superados para tornar o espetáculo possível. Pode ser o trânsito, hidrantes nas calçadas, entre outros. Há muitos desafios, mas é isso o que faz das corridas em traçados urbanos as mais disputadas e divertidas de se assistir", comentou.

A expectativa é que de que os carros ultrapassem facilmente os 300 km/h já na primeira metade da reta principal. Nos 4.180 metros do circuito de São Paulo, haverá dois tipos de pavimentação. "A reta do Sambódromo será de concreto, e o resto do traçado será de asfalto", apontou. O quesito segurança não é um fator que preocupa Tony Cotman. "Haverá blocos de cimento do padrão FIA (estabelecido pela Federação Internacional do Automóvel, órgão regulador das competições automobilísticas internacionais), os mesmos usados em circuitos permanentes. As cercas contra detritos terão quatro metros de altura - mais altas do que na maioria dos outros traçados. Além disso, a mão de obra de que dispomos para cuidar destes assuntos é de primeira classe", falou.

O neozelandês, conterrâneo de Scott Dixon, campeão da Indy em 2003 e 2008, não esconde a ansiedade pela corrida, mas por outro motivo. "Imagine só se um brasileiro vencer... E estou certo de que a atmosfera será eletrizante durante o final de semana da prova".

A São Paulo Indy 300 terá transmissão ao vivo pelos canais Band e Bandsports, além das rádios Bandeirantes e BandNews FM.

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